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Grupo denuncia golpe de investimento financeiro milionário na Bahia: ‘a gente colocou mais de R$ 1 milhão’

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Um grupo de investidores da Bahia denuncia que foi vítima de um golpe financeiro de uma empresa localizada em Salvador. A equipe de reportagem da TV Bahia conversou com alguns investidores, que preferem não ser identificados. Os valores aplicados somam quantias milionárias.

“Eu e minha família, a gente colocou mais de 1 milhão e 200 reais. Uma reserva de aposentadoria, de um trabalho de uma vida toda juntando”, revelou um dos investidores.

 

Em contrato com a empresa HS Capital, a promessa de altos lucros e investimentos seguros nos mercados nacional e internacional, principalmente na bolsa de valores, atraiu centenas de investidores. Muitos deles dizem que não tiveram o lucro prometido, nem conseguem transferências ou saques das quantias.

“Quem investisse lá ele [dono da empresa] oferecia 6%”, disse outra pessoa.

 

Grupo denuncia golpe de investimento financeiro milionário na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia

Grupo denuncia golpe de investimento financeiro milionário na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia

Um dos investidores conta que sonhava com a compra do imóvel e se planejou para o pagamento à vista. Por isso, decidiu aplicar o dinheiro com o objetivo de retirar uma quantia maior e concluir a compra do imóvel.

“Eu investi R$ 400 mil, o dinheiro da minha vida. Minha vida deu, verdadeiramente, uma reviravolta negativa. O que pra mim seria hoje um prazer estar gozando do meu dinheiro virou um grande pesadelo que não acaba mais”.

 

Já outro investidor conta que investiu R$ 330 mil. Os sonhos do investimento perfeito entraram na mira de investigações. Oito pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil em novembro de 2020 e o inquérito foi entregue ao Ministério Público Estadual (MP-BA). Em seguida, os autos foram enviados ao Ministério Público Federal (MPF) e as investigações seguem, mas agora, com a Polícia Federal.

Investigações

 

Helbert Pimenta foi indiciado pela Polícia Civil após denúncias de golpe em investimento financeiro na capital baiana — Foto: Reprodução/TV Bahia

Helbert Pimenta foi indiciado pela Polícia Civil após denúncias de golpe em investimento financeiro na capital baiana — Foto: Reprodução/TV Bahia

Em junho de 2020, a Polícia Civil da Bahia recebeu uma série de denúncias de investidores que disseram ter sido vítimas de golpes milionários.

No centro dessas denúncias está a empresa HS Capital, aberta em janeiro de 2019 e que tem como dono Helbert Pimenta do Nascimento. A empresa se apresenta como uma gestora de recursos independente, dedicada a investimentos, conforme explica do delegado Antônio Carlos, que investigou o caso.

“Essa empresa induzia as pessoas a fornecerem dinheiro para uma mesa de negócios, mesa essa de negócios que aplicavam esses valores, grandes quantias. Na época, inclusive, eu cheguei a investigar algo em torno de R$ 20 milhões”, relembra.

 

Segundo o delegado, Helbert tem se apropriado do dinheiro dos investidores e adquirido bens em nome de terceiros.

“Ele simplesmente pegou esses valores e botou em imóveis, carros, lanchas, casas em áreas de lazer, tipo Guarajuba, Itacaré e outros locais. Inclusive, eu também pude apurar que vários desses imóveis ele registrou em nome da esposa dele e do filho. De certa forma, deixa claro, evidentemente, que ele nunca tratou dinheiro de terceiros como se fossem caráter de investimentos, e sim se apropriou de uma forma criminosa”, conta o delegado.

Os investidores que fizeram as denúncias afirmam que há mais de um ano e meio não conseguem resgatar os valores aplicados, nem rendimentos. Em contrato, o capital investido poderia ser retirado em até 60 dias após o pedido, mas a suspensão das retiradas foi comunicada aos clientes em março do ano passado, justificando o impacto da pandemia da Covid-19 no mercado financeiro.

Nesse mesmo informe, foi comunicada a redução mensal dos rendimentos para 1%. Para a polícia, os investidores foram vítimas de um golpe conhecido como “ponzi”, um tipo de pirâmide financeira com maior aparência de investimento, já que os participantes não têm obrigação de indicar outras pessoas para o negócio.

Em nota, a Comissão de Valores Mobiliários, ligada ao Ministério da Economia, disse que fez um alerta ao mercado, em dezembro de 2020, comunicando a atuação irregular de Helbert e da HS Capital. Um processo interno concluiu que as atividades eram fraudulentas, e a informação foi entregue ao Ministério Público.

A advogada Sabrina Dourado, representa um dos investidores que aplicou mais de R$ 180 mil entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020. Ela conta que a planilha com a previsão de rendimentos apontava que, em dezembro deste ano, o valor em conta já seria quase 4 vezes maior ao que foi investido: R$ 720 mil.

” [O investidor] tomou a reserva toda existencial, tanto dele, quanto da esposa, e resolveu investir na respectiva empresa, com o objetivo de ter esse rendimento”, conta.

 

Assim como os demais participantes do negócio, o cliente dela acompanha até hoje o extrato dos investimentos na plataforma digital da HS Capital. Com os rendimentos atuais, o valor lançado nesse momento é de R$ 261 mil e não R$ 720 mil, como prometido. Além disso, não há o que se fazer com a quantia, já que transferências e saques não estão permitidos.

As investigações duraram cinco meses, e o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (P-BA). Além dos crimes apontados pela Polícia Civil, o MP-BA considerou que também há indícios de crime contra o sistema financeiro nacional, conforme explica a promotora de Justiça, Luciana Isabela.

“Nessa lei do sistema financeiro nacional, toda a instituição financeira, que trabalha com valores, com ações, ela tem que estar registrada. Ele não estava registrado. Ele tem que pagar imposto, ele tem que seguir a norma. Ele não estava seguindo. É como se ele estivesse também fraudando. Isso termina prejudicando a união”.

Por causa disso, o MP-BA considerou que a competência para atuar no caso era do Ministério Público Federal (MPF). Os autos foram enviados ao MPF que disse que agora as investigações estão sendo feitas pela Polícia Federal, e que ainda não foram concluídas.

Depois disso, o caso pode ser levado à Justiça Federal. A PF, que está a frente das investigações, disse que elas estão sob sigilo.

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