Conecte-se conosco

ESPECIAIS

Estudo sobre esclerose receberá US$ 20 mil

Publicado

em

Instituto Paulo Gontijo, de SP, entregará prêmio em encontro na Itália.
Esclerose lateral amiotrófica (ELA) causa perda de controle muscular.05-entry_24503_entry_21710_

O estudo de um pesquisador holandês que analisou a genética de formas familiares e esporádicas da esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença que causa a perda dos movimentos musculares e ainda não tem cura, vai receber no próximo dia 6, em Milão, o Prêmio Paulo Gontijo de Medicina, concedido pelo Instituto Paulo Gontijo, de São Paulo.

Em sua quinta edição, o concurso escolheu o cientista Michael Adriann Van Es, do Centro Médico Universitário de Utrecht, para receber da instituição brasileira US$ 20 mil pela investigação.

A entrega do prêmio integra a programação do 24ª Simpósio Internacional sobre ELA, que acontece de 6 a 8 de dezembro, na Itália, e deve reunir 2 mil estudiosos do tema.

A ELA é uma enfermidade degenerativa e progressiva, que afeta os neurônios motores (responsáveis pelos movimentos) e causa a perda de controle muscular.

O estudo feito por Van Es sugere que o desenvolvimento da ELA familiar (quando a doença é transmitida geneticamente, ou seja, entre pessoas de uma mesma família) teria relação com uma proteína humana, a angiogenina, além de mutações em alguns genes humanos.

Em 2012, o prêmio foi destinado à pesquisadora americana Rosa Rademakers, que descobriu uma alteração genética que ajuda a diagnosticar a doença degenerativa.

Apoio à ciência
Criado em 2005, o instituto leva o nome de Paulo Gontijo, físico e empresário que morreu em 2002 em decorrência da ELA.

O objetivo da organização não-governamental é investir em pesquisas nas áreas de diagnóstico, genética, tratamento e epidemiologia.

A ONG também desenvolve um projeto de humanização com 150 famílias de todo o país que têm algum integrante portador da doença.

“A outra parte do projeto é a mobilização e articulação política junto à Frente Parlamentar de Doenças Raras”, disse Silvia Tortorella, diretora-executiva do Instituto, referindo-se ao grupo de políticos na Câmara dos Deputados que debate o assunto em Brasília.

Diagnóstico complexo
Ainda sem cura, a esclerose lateral amiotrófica demora cerca de 11 meses até ser diagnosticada. Isso porque é uma doença de difícil detecção, pois não existe nenhum exame de laboratório que indique alguma substância no sangue ou marcador com precisão.

(O programa Bem Estar deu detalhes sobre a ELA em uma de suas edições. Veja vídeo ao lado).

Seus primeiros sintomas são a perda do controle muscular das mãos ou atrofia muscular da perna, dificuldades na fala ou na ingestão de saliva e comida, além de problemas na hora de respirar.

Apesar disto, segundo especialistas, o raciocínio intelectual e os sentidos do corpo permanecem normais. A dificuldade no funcionamento dos músculos da respiração pode provocar infecções pulmonares e causar a morte do paciente.

De acordo com o Francisco Rotta, coordenador médico do instituto, neurologista e pesquisador da doença há 15 anos, a enfermidade é muito rara em jovens e costuma atingir pessoas com idade entre 50 e 70 anos. Em apenas 10% dos pacientes diagnosticados a causa é genética.

A nossa expectativa é que consigamos entender melhor essa enfermidade, por isso a importância de trabalhos como o que foi escolhido”
Francisco Rotta, coordenador médico do Instituto Paulo Gontijo

“No restante, ainda não foi descoberto o que causa a ELA. Os únicos tratamentos que existem retardam a evolução da doença, ainda que de forma modesta”, explica o especialista.

Segundo médicos, o remédio usado por pacientes com ELA, oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS), ajuda a retardar o processo degenerativo, mas, atualmente, a maioria dos casos só recebe tratamento quando 50% dos neurônios motores já morreram.

Atualmente, entre 10 mil e 15 mil pessoas do Brasil têm esta doença — menos de 1% da população. De acordo com Rotta, após os primeiros sintomas, o portador tem uma sobrevida de três anos e meio.

“Nossa expectativa é que consigamos entender melhor essa enfermidade, por isso a importância de trabalhos como o que foi escolhido, que estuda a interação de diferentes genes”, conclui. (G1)

Copyright © 2024 - Comunika