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Mulheres denunciam Nuno Cobra, ex-preparador de Ayrton Senna, por assédio sexual; filho diz que ele está ‘senil’

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Duas moradoras de Salvador denunciam Nuno Cobra, escritor e ex-preparador físico de atletas famosos, como Ayrton Senna, por assédio sexual. Um dos filhos dele afirma que o pai está “senil” e “perdendo a censura”.

Nuno tem 83 anos e é formado em Educação Física. Ele já foi condenado à prisão preventiva por violação sexual em São Paulo, em 2017, depois de três vítimas relataram abusos. Ele chegou a ser preso e ficou em uma cela isolada na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. [Veja detalhes abaixo]

Na capital baiana, segundo as mulheres, os casos aconteceram durante uma feira de negócios para empreendedores, no final de abril, onde Nuno Cobra fez uma apresentação. Uma das vítimas assediadas chegou a registrar o caso em delegacia. A segunda, que preferiu não se identificar, contou como a situação aconteceu.

Mulheres denunciam Nuno Cobra, ex-preparador de Ayrton Senna, por assédio sexual — Foto: TV Globo/Reprodução

Mulheres denunciam Nuno Cobra, ex-preparador de Ayrton Senna, por assédio sexual — Foto: TV Globo/Reprodução

“Ele falou assim: ‘anota meu número’. Eu falei: ‘tá bom’. Quando eu estava anotando, ele falou assim: ‘até na hora de você digitar é sensual’. Aí eu pensei: ‘Meu Deus, está acontecendo alguma coisa aqui’. Só que não deu tempo [de eu reagir]. Assim que eu terminei de digitar, ele me abraçou e aí, quando ele me abraçou, ele pegou a mãe dele direita e botou na minha nuca”, disse ela.

Depois disso, a vítima conta que Nuno seguiu com o contato físico, e que chegou a convidá-la para ir até São Paulo, onde ele mora.

“Ele começou a botar o dedo no meu ouvido, e apalpando a minha nuca. Ele pegou as duas mãos dele e colocou bem próximo ao meu seio, um pouquinho acima. Aí eu disse: ‘Meu Deus, eu preciso sair daqui’. E aí não deu tempo. Quando ele me abraçou de novo, já encostou mais perto, me apertou mais e falou assim para mim: ‘eu não quero nada, não. Vá para São Paulo, eu preciso te ver, preciso estar com você. Eu só vou querer ficar abraçado com você, é só isso'”.

“Eu não sei nem quem eu sou mais. Então, como eu acredito que a gente só dá o que tem, eu não estou tendo para dar. Eu não estou tendo para dar”.

 

A mulher que registrou a ocorrência em delegacia preferiu não dar entrevista. Ela trabalhava no mesmo evento e relatou à polícia que foi tirar uma foto com Nuno e que ele pediu para que ela retirasse a máscara. Quando ela o fez, ele segurou o rosto dela de forma violenta e tentou beijá-la.

Mulheres denunciam Nuno Cobra, ex-preparador de Ayrton Senna, por assédio sexual — Foto: TV Globo/Reprodução

Mulheres denunciam Nuno Cobra, ex-preparador de Ayrton Senna, por assédio sexual — Foto: TV Globo/Reprodução

O Sebrae, instituição que realizou o evento, repudiou e lamentou profundamente o ocorrido, e informou que, desde o primeiro momento, colocou a assessoria jurídica à disposição das denunciantes, para que eventuais culpados sejam punidos.

A reportagem procurou Nuno Cobra para comentar as acusações, mas a família preferiu se posicionar por meio de Nuno Cobra Júnior, filho mais velho do suspeito, que falou sobre a situação.

“Meu pai tem uma perda neurológica, já faz alguns anos, que vem causando uma perda de censura. A gente tem percebido isso tem alguns anos já. É uma questão senil. Ele abraça demais, sempre foi muito sinestésico. Já era uma característica dele, de tocar, de ser um galanteador, de ser muito sedutor, então o que acontece é essa confusão. Eu posso garantir que, quando se fala de estupro, é muito forte”.

“Ele tem uma perda de controle que é compatível com esse quadro. O que a gente tem que perceber agora é que tem chegado a hora da gente começar a ter uma postura da gente perceber que ele esteja inadequado ao convívio social”.

 

Ousadia ‘sem limites’ e crime em voo

 

Nuno Cobra ganhou notoriedade como preparador físico do tricampeão mundial de F-1 Ayrton Senna — Foto: TV Globo/Reprodução

Nuno Cobra ganhou notoriedade como preparador físico do tricampeão mundial de F-1 Ayrton Senna — Foto: TV Globo/Reprodução

Em 2017, a juíza federal Raecler Baldresca, que condenou Nuno Cobra – com 79 anos na época –, disse em sua decisão que a ousadia dele não tinha limites. A Procuradoria em São Paulo tinha pedido a condenação de Cobra por outro crime de violação sexual que ele cometeu durante um voo, em 2015, contra uma jovem de 21 anos.

Como a situação aconteceu no espaço aéreo, o caso correu na Justiça Federal. A condenação à prisão foi autorizada porque ele voltou a cometer o crime, mas contra uma uma jornalista, no mesmo ano. Na sentença, a juíza afirmou que “violação sexual mediante fraude é o ato libidinoso que se utiliza de meios que a vítima não consegue se defender.”

G1

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