Canoas
As canoas estão por aqui desde o surgimento dos povoados de Tabocas e Faisqueira, elas serviram como meio de transporte para os exploradores que subiam o rio, a partir de Barra do Rio de Contas, atrás de ouro nessas redondezas.
Elas sempre foram o ponto de ligação principal para as duas cidades: Ubaitaba e Aurelino Leal. Para alguns, elas representavam uma aventura, para outros, era um grande sufoco ter que atravessar o Rio das Contas naquele pequeno meio de transporte, mas o que fazer se só existia esta opção, ou canoa ou balsa se quisesse atravessar para pegar o trem-de-ferro para viajar.
Muitas senhoras quando vinham de Ilhéus à nossa cidade, imaginavam ter de atravessar naquelas canoas, e se o rio estivesse cheio então! Era aquele alvoroço. Mas tinha gente que adorava “andar” de canoa, algumas pessoas quando viajavam ficavam com saudade da cidade, de ver as canoas singrando o rio de um lado a outro. Quando o rio era mais limpo e se podia tomar banho tranqüilamente, a garotada pegava a canoa até o meio e de lá pulava na água e completava o percurso nadando.
Se você já teve a curiosidade de pesquisar sobre nossa cidade perceberá que as canoas estão até no nome da cidade. Ubaitaba, ou “Cidade das Canoas” em Tupi-Guarani, tem canoas em sua economia, cultura, história e transporte. Elas estão por aqui desde a formação das primeiras fazendas, antes mesmo do arraial de Faisqueira ou das Tabocas. As piraguas (canoas pequenas) já existiam desde que essa região era habitada por índios Aimorés utilizando-as para a pesca e transporte. A canoa durante décadas foi o principal meio de transporte de pessoas e mercadorias de Tabocas, Itapira e Ubaitaba. Levando o cacau produzido aqui e localidades vizinhas para Barra do Rio das Contas (atual Itacaré). As que serviam para esse fim eram bem mais profundas e largas que as atuais.
Muitas pessoas sentavam-se ao fim da tarde nas proximidades do rio para observar as canoas que retornavam do Banco (ponto onde era deixado o cacau que seguia para Itacaré). “Era uma visão bonita, era legal ver as canoas voltando, todas com as luzes acesas, era uma ‘procissão’ bonita”. Comenta Zito, ainda menino naquela época.
Fonte: Aleilton Oliveira in Traços e Retratos da Nossa História, 2004/2010.
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