A família da dançarina Amanda Bueno, assassinada pelo noivo, Milton Ribeiro, na quinta-feira passada, divulgou gravações de mensagens enviadas por ela horas antes do crime.
Nelas, chorando, Amanda dizia que voltaria para casa da mãe, em Goiás, em dois dias. “Mãe, por favor, não viaja que eu preciso chegar em casa e te dar um abraço”, pediu Amanda. Em tom angustiado, disse ainda: “Mãe, eu nem vou te falar o que aconteceu, mas eu ‘tô’ indo embora. Mãe, não viaje, por favor. Eu vou chegar aí em casa até sábado”.
As mensagens de áudio foram mandadas por um aplicativo de mensagem de telefone celular para a mãe de Amanda, Iraídes Maria de Jesus, e fornecidas pela irmã da dançarina, Valsirlândia Lopes Sena, à emissora TV Anhanguera, de Goiás.
A família mora em Anápolis, distante 55 km de Goiânia. O corpo foi enterrado no domingo no município de Trindade. Amanda (nome artístico de Cícera Alves de Sena tinha 29 anos e morava havia quatro no Rio, cidade em que trabalhava como dançarina de funk.
Vivia com Ribeiro na casa dele, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O casal estava noivo. Uma briga por ciúme teria sido o motivo do assassinato.
Segundo a versão do criminoso apresentada à polícia, na segunda-feira Amanda confessou que se havia prostituído quando morava em Brasília, o que teria gerado uma discussão.
Na quinta-feira, conforme mostram imagens gravadas por uma câmera de TV da casa de Ribeiro, ele imobilizou a noiva no chão da área externa do imóvel, bateu a cabeça dela no chão, deu coronhadas em sua cabeça e atirou em seu rosto com uma pistola e, depois, com uma espingarda.
Após o crime, ele roubou um carro para tentar fugir, mas capotou o veículo. Preso depois do acidente, Ribeiro confessou o assassinato. Disse estar arrependido do crime.
Foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima, agravado pelo novo crime de feminicídio. Desde março, a lei 13104/15 define como crime hediondo a morte violenta de mulheres por motivo de gênero.
Exagero
O advogado do assassino, Hugo Assunção, considera a tipificação exagerada. “Ele vai responder por seus atos, mas eles não moravam juntos, então não se configura a violência doméstica, nem tinha raiva de mulher para enquadrar como feminicídio. Não é um monstro, e não foi por motivo fútil.”
Assunção disse ainda que o cliente tinha autorização do Exército para manter cinco armas em sua casa – uma espingarda calibre 12, três pistolas e um revólver, todos apreendidos pelos policiais civis.
O delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, informou ontem que o inquérito do caso será concluído ainda nesta semana. Nele, vai sugerir à Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado que investigue possível ligação de Ribeiro com milicianos. Ele é dono de uma cooperativa de vans que trafegam na Baixada Fluminense. (Verdinho/Itabuna)
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