ENSAIOS E ENTRETENIMENTO
Ator japonês de 85 anos que viveu Godzilla celebra os 60 anos do filme
Haruo Nakajima mostra lembranças que guarda da época do grande sucesso do filme. Estátua homenageia o monstro em praça de Tóquio.
Tóquio, a maior metrópole do mundo, mais de 30 milhões de pessoas. Alvo de tufões, terremotos e monstros!
Quantas vezes a cidade não foi destruída por eles? Ao longo dos anos, o cinema adorou fazer isso com a capital japonesa, usando as mais assustadoras criaturas.
Mesmo com tanta destruição o Japão tem um carinho por esses monstros. Mas um é especial, pode não ter sido o maior a passar em Tóquio, nem o mais poderoso. Mas não é qualquer cidade que lembra em praça pública o seu grande inimigo, que completa, em 2014, 60 anos: ‘Godzilla’.
Em tamanho bem menor, é verdade, a estátua reproduz o personagem que ficou famoso no mundo todo.
“Godzilla” foi lançado em 1954 e foi um sucesso. O Japão ainda se reerguia da derrota na Segunda Guerra, com as bombas atômicas. E o filme conta que um teste nuclear criou o monstro: 50 metros de altura, corpo de animal pré-histórico e poderes: um gás incendiário.
Muitos lembram da estreia. Um senhor fala da primeira vez que viu Godzilla no cinema: “Senti medo”, revela o senhor. “Quando o Godzilla apareceu, todo mundo aplaudiu”, lembra uma senhora.
“Acho que o filme fez sucesso por que ele destruía tudo, o que a gente, quando pequeno, quer fazer, mas não deixam”, acredita um fã do monstro.
Os efeitos especiais eram um charme à parte, não havia tanta tecnologia na época. Por isso, tome cidade em miniatura, onde nenhum detalhe era esquecido: prédios, varandas, árvores, aviões. A cidade destruída parecia real, com os escombros feitos de gesso, madeira e papelão.
No filme, ‘Godzilla’ escolhe prédios importantes, como o do parlamento, e uma das mais famosas lojas de Tóquio, com a sua Torre do Relógio.
O tempo passou, os prédios ainda estão de pé, e nada foi esquecido, especialmente para um homem. Com 85 anos, Haruo Nakajima mora em um apartamento pequeno, coberto de lembranças. Mas não é um simples colecionador. Ele era o Godzilla. “Eu já tinha atuado em outro filme em que meu corpo ficava em chamas. O diretor viu a cena, achou que eu era corajoso e me chamou para vestir a fantasia”, conta.
Acabou abandonando a marinha japonesa, virou ator e incorporou o mostro. Segundo o senhor Nakajima, toda a fantasia pesava cerca de 100 quilos. E ele vestia por um zíper que corria nas costas.
O trabalho era difícil, mas ele aparece sorrindo em todas as fotos antigas. Era preciso dois assistentes para carregar a roupa nos intervalos da filmagem.
O senhor Nakajima calcula que, por causa das luzes do estúdio e do esforço para movimentar Godzilla, chegava a fazer 60° ali dentro! Por isso, nas cenas em que só apareciam as pernas do bicho, era com a parte de cima da roupa aberta que ele trabalhava.
Haruo Nakajima tem fãs até hoje, e roda o mundo contando as histórias dos bastidores. Diz não entender a razão de tanto sucesso. E olha que um novo filme com Godzilla vem aí, mais uma refilmagem.
Seu Nakajima é sincero ao falar do monstro: “Meu amigo”. Uma amizade que já dura 60 anos e não se abala com cara feia. (G1)
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