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Bebê que nasceu após mãe morrer em acidente comove equipe médica
Após ser atropelada, grávida sofreu corte na barriga e criança saiu, em GO.
Pediatra diz que recém-nascida não teve lesões graves: ‘Milagre da vida’.
Profissionais do Hospital Materno Infantil (HMI) de Goiânia estão comovidos com o bebê que nasceu logo após a mãe ter morrido em um acidente, na terça-feira (4). Antônia Dulcimar Batista, de 27 anos, e o marido, Vladimir Lopes Oliveira, de 29, estavam em uma motocicleta quando foram atropelados por um caminhão na Avenida Santa Maria, no Residencial Cidade Verde. O pai da criança também morreu.
Um telespectador da TV Anhanguera gravou o momento do resgate das vítimas e quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorre o bebê, encontrado vivo ao lado do corpo da mãe (veja vídeo acima). A recém-nascida não sofreu nenhuma lesão grave – teve apenas duas fraturas ósseas, uma na clavícula e uma na testa, ambas do lado esquerdo – e passa bem. “É um milagre da vida”, afirma Tânia Maria de Carvalho, chefe de pediatria do HMI.
A médica diz que, em 29 anos de profissão, nunca tinha visto um fato semelhante. “Estamos todos comovidos. No hospital, todos os médicos, enfermeiros, funcionários, todo mundo está muito comovido com esse caso”. Ela explica que a mãe do bebê, apesar de ter morrido na hora, acabou “ajudando” a filha a sobreviver ao acidente. “A mãe teve uma ruptura do abdômen e o útero dela foi projetado [saiu para fora do corpo]. Isso fez um amortecimento [para a criança] e não houve nada mais grave”, explica.
Após o impacto do acidente, o bebê passou por um raio-X em todo o corpo e, além das fraturas, não foi diagnosticado nenhum ferimento mais grave. A criança nasceu com aproximadamente 2,5 kg e 50 centímetros.
A pediatra revela que a recém-nascida está fora de perigo. “Não há risco. Fizemos um ultrassom do cérebro e o órgão não foi atingido. É só a fratura óssea, que vai reconstituir e se consolidar. Ela vai ter uma vida normal”, acredita a médica.
A menina chegou ao HMI ensanguentada, chorando muito e com todos os sinais vitais preservados. Por causa disso, ela nem chegou a passar pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi direto para a sala de observação, onde deve permanecer por até 72 horas.
O casal deixa outro filho, de 5 anos. O avô materno do bebê, o representante comercial Pedro dos Anjos, disse que está vivendo um momento com dois sentimentos diferentes. “[Estou] Muito feliz, claro, [a menina é] minha primeira neta mulher. Mas não deu para estar feliz junto com ela [Antônia, sua filha]. Deus não deu essa alegria completa”, lamenta.
Vídeos
Imagens feitas por câmeras de segurança mostram o momento do acidente. Em uma motocicleta, o casal estava parado na frente de uma carreta em um semáforo na Avenida Santa Maria.
No vídeo, é possível perceber quando uma caminhão em alta velocidade atinge a carreta, que por sua vez atropela a motocicleta. Antônia e Vladimir estavam a caminho de uma unidade de saúde para marcar a última consulta do pré-natal.
Um cinegrafista amador registrou a vítima com o bebê ao lado. Ele também gravou o momento em que a equipe do Samu chegou ao local. Ao perceber que a mãe tinha chances remotas de sobreviver, os socorristas atenderam primeiro o bebê.
“Quando eu cheguei, agachei e me deparei com a criança. Ela tinha um choro espontâneo, estava bem corada, porque tinha circulação. Logo vi que ela estava envolvida no cordão umbilical. Fiz o procedimento que a gente faz, que é pinçar o cordão e cortá-lo”, lembra a técnica em enfermagem Cristiane Regina, do Samu.
Ela explica ainda que, quando chegou, a recém-nascida estava sob um protetor de alumínio contra o sol, muito usado em carros. Cristiane diz que esse cuidado ajudou a salvar a vida da menina.
Investigação
O caminhoneiro que causou o acidente, de 36 anos, fugiu, mas voltou ao local da colisão com um advogado. De acordo com a Polícia Militar, o motorista foi orientado a se apresentar na Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict), onde prestou depoimento no final da manhã de terça-feira.
Segundo a delegada Silvana Nunes Ferreira, o caminhoneiro alegou que houve falha mecânica nos freios. “Vamos abrir inquérito para averiguar se realmente houve problema mecânico ou se ele foi imprudente. Vamos analisar as circunstâncias e pegar os registros dos radares instalados na via”, destaca.
O motorista não ficará detido porque se apresentou espontaneamente à Polícia Civil. O teste de bafômetro apontou que ele não estava embriagado no momento do acidente.
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