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BRASIL & MUNDO

Copom sobe juros para 9,5% ao ano na quinta elevação seguida

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Taxa vem subindo desde abril e chega ao maior patamar em um ano e meio. Com decisão, Brasil volta à liderança do ranking mundial de juros reais.f_196311

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central subiu nesta quarta-feira (9) a taxa básica de juros da economia de 9% para 9,5% ao ano – uma alta de 0,5 ponto percentual – confirmando assim a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro.

Selic 9,5 - matéria (Foto: Arte/G1)

Esse foi o quinto aumento consecutivo na taxa Selic, que vem subindo desde abril deste ano, o que levou os juros ao maior nível desde março de 2012. Os analistas dos bancos projetam ainda mais uma alta da taxa de juros em 2013, para 9,75% ao ano. Alguns economistas preveem, porém, que os juros podem chegar a 10% ao ano no fim de novembro, quando se reúne novamente o Copom.

Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte explicação: “Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”. Trata-se da mesma frase da reunião anterior.

Brasil na liderança dos juros reais
Com a decisão desta quarta-feira do Copom, o Brasil voltou a assumir a primeira posição no ranking mundial de juros reais (3,5% ao ano) feito pelo MoneYou. Os juros reais são calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses.

Em agosto, na última reunião do Copom, o Brasil estava em terceiro lugar. Se os juros fossem mantidos hoje, o Brasil ficaria na segunda posição do ranking, perdendo para o Chile. A taxa média de juros real em 40 países pesquisados está negativa em 0,5% ao ano.

A subida recente dos juros e o possível retorno ao patamar de dois dígitos, ainda em 2013, segundo analistas, não está em consonância uma das principais marcas, até então, do governo Dilma Rousseff na área econômica. Mesmo defendendo o controle da inflação, a presidente da República destacou, por diversas oportunidades nos últimos anos, a queda dos juros básicos e também pressionou os bancos a reduzirem suas taxas ao consumidor.

Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta.

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente. Em doze meses até setembro, o IPCA somou 5,86%.

Entretanto, o próprio Banco Central previu, no relatório de inflação divulgado no fim de setembro, um IPCA próximo de 6% em todos os quatro anos do governo Dilma Rousseff. O presidente da instituição, Alexandre Tombini, tem se comprometido somente com a queda da inflação neste ano, frente ao patamar de 2012 (5,84%) e, também, em 2014.

A alta de juros, segundo economistas, também pode impactar, entretanto, o crescimento da economia brasileira. No fim de 2012, o mercado financeiro estimava que o Produto Interno Bruto (PIB) do país avançaria 3,30% neste ano. Atualmente, previsão está em 2,5% de alta.

Gasolina e dólar
O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, observou que o Brasil é o único país do mundo que está subindo juros neste momento, mas explicou que a elevação de hoje na taxa básica, que pode chegar a 10% ao ano ainda em 2013, leva em conta as expectativas para o ano de 2014.

“O nome do jogo não é 2013, é 2014. A política monetária [de juros] visa contemplar esse horizonte mais longo. No ano que vem, há muita pressão sobre preços administrados [ônibus interestaduais, energia elétrica, água, planos de saúde e telefonia, entre outros]. Neste ano, a gente teve preços administrados mais benignos, muito baixos. Não teve, por exemplo, reajuste de ônibus, que pode vir mais à tona no ano que vem”, disse o economista.

Outro componente que pode pressionar um pouco a inflação neste ano é o possível aumento no preço da gasolina, disse Perfeito. Segundo ele, o IPCA de 2013 ficaria em 5,8% com a alta da gasolina e 5,4% sem o aumento. “Eles devem aumentar logo a gasolina neste ano, para se livrar do problema [preço atual diminui a capacidade de investimentos da Petrobras]”, avaliou ele.

Por outro lado, o preço do dólar, atualmente em R$ 2,20, mesmo mais alto do que até maio, quando estava ao redor de R$ 2, está melhor do que em agosto, quando chegou próximo de R$ 2,40. “Não teve um choque mais perverso por causa do câmbio. O impacto do câmbio na inflação vai ser mais tranquilo. Teve alta forte do dólar, mas teve queda de produtos de origem agropecuária. Uma coisa contrabalançou a outra”, disse ele. (G1)

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