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Deputada denuncia banda de pagode que tem clipe criticado por ‘apologia’

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Produção da música ‘Tigrão gostoso’ é acusada de incitar estupro da mulher. Autora de lei ‘antibaixaria’ entrou com ação junto ao Ministério Público (MP).

Jovem corre de seis homens dentro de casa (Foto: Reprodução/Youtube)

Jovem corre de seis homens dentro de casa
(Foto: Reprodução/Youtube)

A deputada estadual Luiza Maia (PT) entrou com uma representação contra a banda de pagode de Vitória da Conquista , cidade no sudoeste da Bahia, por conta de um clipe da música “Tigrão Gostoso”, lançado no mês de dezembro de 2013. Segundo a deputada, o vídeo faz apologia ao estupro.

O documento foi protocolado junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) na quarta-feira (5). “O objetivo é que e o MP chame eles [integrantes do grupo] e denuncie a música ou a produção como apologia ao estupro, que é um crime. É uma apologia clara ao estupro sem nenhum duplo sentido. As autoridades do Estado, nós como defensoras da mulher, não podemos deixar que a coisa banalize a esse ponto. Vamos fazer um enfrentamento com esse tipo de produção”,  diz a parlamentar, que é autora da lei que ficou conhecida como “antibaixaria”. A lei proíbe uso de recursos públicos para contratação de artistas que tenham no repertório músicas e danças ofensivas às mulheres.

G1 ligou para o empresário da banda, mas não conseguiu falar. Em entrevista no dia 25 de janeiro, Diego Pereira disse que o grupo nunca teve a intenção de incitar ou promover o estupro. Ele acredita que todo produto veiculado na internet corre o risco de ser mal interpretado. “Temos grande público feminino. Temos mulheres, filhas. Como pensaríamos em uma coisa dessas?”, argumentou.

Na opinião de Luiza Maia, as pessoas ainda não têm consciência do quanto as letras que tratam a mulher como objeto são prejudiciais para a população feminina. “Esse pessoal não ganhou a consciência de quanto isso agride nossa autoestima. É pornografia, coisa rasteira.  Essas pessoas veem o sexo como algo sem valor. A gente ainda tem muita estrada para andar, mas já ganhamos muita coisa”, avalia.

Maia disse que não há rejeição contra o estilo musical, mas que não é a favor de letras atingem a mulher negativamente. “São letras românticas que as pessoas falam de suas situações de vida em relação ao amor, ao sofrimento a partir de um coração partido, já com o pagode que agride a mulher com letras de baixaria, nós vamos intervir sim”, conta.

O empresário da banda defendeu que o videoclipe é uma obra de ficção e que deve ser interpretada como tal.  “Nesta semana mesmo houve um cena em uma novela em que um homem bateu em uma mulher. Se eu for assistir, eu vou querer fazer o mesmo? É claro que não”, defende. “Para mostrar que não temos nada a ver com essas críticas, iniciamos nesta semana uma campanha de prevenção à violência contra a mulher.  Elas são defendidas em nossos shows”, acrescentou.

Independentemente da repercussão, o empresário conta que tem sido apoiado pelos fãs e que o grupo, inclusive, tem sido convidado para mais shows. Pereira conta que a música que integra o vídeoclipe é um sucesso.

O clipe
O vídeo original, que teve o início editado após as críticas, apresentava uma estudante andando sozinha em um matagal seguida por um homem encapuzado. Percebendo a perseguição, ela deixa o material escolar cair no chão e corre. Logo em seguida, a mulher acorda do que teria sido um pesadelo.

A parte seguinte do videoclipe, que não foi alterada na edição, mostra que a mesma mulher, ao acordar, tem a casa invadida por seis homens. “Abra a porta logo que quero entrar. Não adianta se esconder. O tigrão vai te pegar” , fala um deles em trecho da música.

Correndo do grupo, que é composto pelos próprios integrantes da banda, a mulher diz: “Mas eu tô com medo. Você vai me machucar?”. Em resposta, um diz: “Sou o seu tigrão gostoso. Só precisa relaxar. É na hora do espanto que o bicho vai, toma, toma, então toma”. (G1/Bahia)

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