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Em sua primeira homilia, papa diz que Igreja não pode virar ‘ONG piedosa’
A mensagem foi falada em voz calma, pausada, mas com firmeza, aos cardeais e a um grupo de convidados leigos, funcionários do Vatican.
Em sua primeira homilia após ser eleito papa, Francisco pediu nesta quinta-feira que a Igreja não se esqueça de que sua missão primária é proclamar a mensagem de Jesus Cristo. “Nós podemos caminhar como queremos, podemos construir muitas coisas, mas, se não confessamos Jesus Cristo, algo está errado. Tornamo-nos uma ONG piedosa, mas não a Igreja, a esposa do Senhor.” Também afirmou que é preciso “andar sempre na presença do Senhor, tentando viver de forma irrepreensível”. Citando o escritor francês Leon Bloy, que escreveu que “quem não reza para Deus reza para o diabo”, o papa advertiu que “quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio”.
A mensagem foi falada em voz calma, pausada, mas com firmeza, aos cardeais e a um grupo de convidados leigos, funcionários do Vaticano. A homilia durou apenas cinco minutos e foi feita toda de improviso – em vez de ler um texto sentado na cátedra, dirigiu-se à estante de leitura de onde pregam os padres e bispos em suas igrejas. Falar improvisadamente é uma mudança clara em relação ao papa emérito, Bento XVI, que sempre lia o conteúdo de suas mensagens.
A construção da homilia, um convite incisivo à fidelidade, foi baseada nas três leituras do dia, que falavam da caminhada de Abraão e da edificação da Igreja. “Eu gostaria que todos nós, depois desses dias de graça, tivéssemos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor, de construir a Igreja no sangue do Senhor, derramado na Cruz, e confessar a única glória, Jesus Crucificado”, disse Francisco, ao se dirigir aos cardeais leitores e não eleitores, reunidos na Capela Sistina, onde ele foi eleito papa na quarta-feira (13).
Perseverança
Ele afirmou que apesar de a opção por caminhar, construir e edificar não ser uma escolha fácil, por conta dos abalos e dos “movimentos que não são próprios do caminho, que nos puxam para trás”, não se pode abdicar da cruz. “Quando caminhamos sem a cruz, quando edificamos sem a cruz e quando confessamos um Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor, somos mundanos, somos bispos, sacerdotes, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.
O coral masculino da Capela Sistina cantou o Kyrie e outras partes da missa, mas o papa apenas recitou o texto litúrgico. A missa, presidida por Francisco e concelebrada pelos cardeais, foi toda em latim, com exceção das leituras, feitas em italiano. No briefing à imprensa, às 13 horas, o porta-voz da Santa Sé recomendou que se prestasse atenção na homilia, pois seria a primeira pregação do papa Francisco. No fim da missa, foi feita uma oração especial para que o papa emérito, Bento XVI, que está recluso em Castel Gandolfo, possa servir a Igreja no recolhimento com uma vida dedicada à oração e meditação.
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