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‘Está abalado’, diz comandante sobre tenente que matou cão a tiros na BA. Veja vídeo
Policial, que foi afastado das funções, passará por atendimento psicológico.
Donos de cão morto abandonaram casa e contam com a ajuda de amigos.
“Ele está abalado. Está com problemas por causa da pressão após tudo o que aconteceu”, disse, nesta terça-feira (16), o comandante Valci Góis Serpa sobre o tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, que matou a tiros um cão buldogue francês na cidade de Teixeira de Freitas, extremo-sul da Bahia. Uma câmera de segurança flagrou o momento do crime, que ocorreu no sábado (13), no condomínio residencial em que mora.
Com medo de sofrer retaliações, a dona do cachorro morto, a advogada tributarista Bruna Holtz, e o marido dela, o fisioterapeuta Bruno Medeiros, abandonaram a casa onde moravam, no mesmo condomínio, e passaram a contar com ajuda de amigos. O casal já organiza a mudança de Teixeira de Freitas. O tenente de 40 anos, que trabalha há dois no Colégio da Polícia Militar (CPM) do município, foi afastado das funções.
“Amanhã vou na residência dele para dar apoio e encaminhá-lo para o atendimento psicológico da Polícia Militar, em Salvador, no Departamento de Promoção Social. Ele não está bem. Disse que estava sendo incomodado pela vizinha, que toda hora ia na porta de sua casa com os cachorros. Ele também falou que tem dois filhos pequenos e pediu para ela parar, mas mesmo assim, segundo ele, a dona do cão pirraçava. Devido a isso, ele acabou perdendo a cabeça e fez o que fez”, afirmou ao G1 o comandante Serpa, atual diretor do CPM e colega de trabalho do tenente. Segundo o comandante, o suspeito não quer falar com a imprensa.
Serpa assumiu a função de diretor do colégio em março desse ano e disse que, durante o tempo em que está no cargo, não teve conhecimento de nenhum problema envolvendo o tenente suspeito. Conforme o comandante, o militar é casado e pai de dois filhos – um de dois e outro de um ano.
“Não teve nenhum problema aqui no colégio com ele, mas agora, por conta do que ocorreu, ele está afastado. A PM de Teixeira de Freitas já colheu as provas para alimentar o processo, abrimos a sindicância e apuramos para identificar autoria e materialidade do fato, que fica clara através das filmagens. O tenente agora vai responder o processo junto à corregedoria da corporação em Salvador”, destacou.
Veja vídeo:
Relato do caso
O casal mora na cidade há cerca de um mês e o crime aconteceu no condomínio. Holtz disse que recebeu recado do policial, que se dizia incomodado pela presença dos dois cachorros na vizinhança. O bilhete teria sido enviado um dia antes, na sexta (12).
“Na sexta, fui passear com eles e minha cadela cheirou o jardim dele. Nesse mesmo dia, encontrei um bilhete na minha porta que dizia: ‘prezado vizinho, se seu cachorro cavar novamente o meu jardim não me responsabilizo pelos meus atos’. Quando li fui logo na casa dele saber o que houve porque a minha cadela só cheirou, não cavou nada. A esposa dele abriu a porta, mas disse que não tinha nada para falar comigo e ele bateu a porta na minha cara. Fiquei indignada”, disse na segunda-feira (15).
O animal assassinado era um buldogue francês e ela tem outro, da raça golden retriever, com quem também passeava quando ocorreu a situação. No dia do crime, sábado (13), a cadela golden retriever teria feito coco em outro jardim do condomínio, o que teria deixado o policial chateado e motivado a agressão. Segundo ela, para não ser atingida pelos tiros, ela precisou pular um muro do condomínio.
“A cachorrinha começou a cheirar e fez coco no outro jardim. Ele [policial] estava na varanda dele e ficou me olhando. Eu catei o coco e olhei para ele. Acho que se sentiu afrontado. Então ele veio atrás de mim e fiquei parada. Quando ele se aproximou disse: ‘Você me conhece da onde?’ E eu respondi: ‘Eu não te conheço e não quero falar com você’. Então ele sacou a arma e começou a atirar. Quando vi que não conseguiria salvar os dois cachorros, agarrei a cadela, joguei ela do outro lado do muro e escalei o muro. Foi o que me salvou também, porque ele veio atrás de mim”, disse.
De acordo com ela, a cadela da raça golden retriever ficou ferida com os resíduos da pólvora, como se fosse tiros de raspão, na região do pescoço, mas passa bem. “Ele tinha quatro anos [o cão que morreu] e ela tem dois. Passeava com eles três vezes ao dia. São como nossos filhos. Eles dormiam com a gente e nosso final de semana era deles. A dor é muito grande”, contou.
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