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‘Foi um milagre’, diz grávida que escapou de desabamento no Pará

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Kátia Barbosa jogou a filha de 2 anos pela janela antes deixar a casa.
Em Abaetetuba, cerca de 300 pessoas estão desabrigadas.

Casas ficaram inclinadas e podem desabar, segundo os bombeiros. (Foto: Reprodução/ TV Liberal)

Casas ficaram inclinadas e podem desabar, segundo os bombeiros. (Foto: Reprodução/ TV Liberal)

A dona de casa Kátia Farias Barbosa, grávida de 7 meses, conta que viveu momentos de pânico no sábado (4), quando várias casas desabaram em Abaetetuba, no nordeste do Pará.

“Quando percebi [o desabamento], me desesperei. Comecei a ver os muros, a fiação elétrica arrebentando com força. Então vi a minha filha ali brincando. E o que eu poderia fazer?”, conta ela, que, para salvar a menina de 2 anos e 5 meses, jogou a criança da janela do segundo andar da casa onde moravam. Em seguida, com a ajuda de vizinhos, Kátia também conseguiu sair. Minutos depois, o imóvel foi engolido por uma cratera que se formou na rua.

Além da casa dela, outras residências desabaram na Rua Siqueira Mendes, em Abaetetuba, devido à erosão do terreno provocada pela cheia do Rio Maratatuíra. Por conta da tragédia, 67 famílias ficaram desabrigadas. O município declarou estado de emergência, e a Defesa Civil interditou outros 23 imóveis que correm risco de desabar.

Mais calma após a tragédia, a dona de casa conta que jogar a filha pela janela foi uma atitude instintiva, de sobrevivência. “O que passou pela minha cabeça na hora foi jogar ela por cima, não pensei duas vezes. Vi que tinha gente embaixo, e perguntei para um rapaz: ‘Você segura a minha filha?’ Aí ele disse que sim e que depois dava um jeito de me tirar”, lembra.

Para Kátia, ter conseguido sair de casa momentos antes de o imóvel desabar foi um milagre; e, devido ao nervosismo, ela mal consegue lembrar como saiu do local. ” As pessoas dizem que eu nem cheguei a descer, que me joguei logo, mas foi no meu desespero. Quando me joguei e o rapaz puxou meu braço, caiu a casa. Rachou a terra, e a casa foi para o fundo. Não lembro o que aconteceu, me joguei e não lembro mais (do resto)”, afirma.

“Depois que tudo aconteceu, o que passa pela minha cabeça é que foi um milagre, um milagre muito grande, porque foi muito rápido. Começou a cair tudo muito rápido, ninguém esperava. Eu nasci de novo, eu e a minha filha”, comenta Kátia, emocionada.

O marido dela, o pescador Miro Farias, estava na igreja no momento do desastre e, quando voltava para casa, foi avisado de que o imóvel tinha desmoronado. “Quando cheguei e olhei, parecia cenário de filme, estava sumindo tudo. Fiquei apavorado, perguntei pela minha esposa e minha filha, até que me disseram que elas tinham se salvado”, conta.

“Da minha casa, não restou nada, perdi tudo. Tudo material. Mas o melhor é a vida, e a mão de Deus está sobre as nossas vidas, porque foi um milagre”, comemora o pescador.

Entenda o caso
Mais de 60 famílias ficaram desabrigadas após a erosão provocada pela cheia do Rio Maratauíra em Abaetetuba, no sábado. Especialistas em meio ambiente explicam que a construção de casas em cima do rio e o crescimento desordenado do bairro estão na raiz do problema e podem ter provocado a tragédia.

Das 67 famílias desabrigadas, uma parte está alojada provisoriamente no ginásio de esportes do município. Outras pessoas conseguiram abrigo em casas de parentes.

No domingo (5), uma equipe da Companhia de Habitação do Estado do Pará (Cohab) esteve na cidade para fazer um levantamento dos desabrigados e orientar as famílias sobre os procedimentos necessários para acessar o programa habitacional do órgão, chamado de Cheque Moradia.

A polícia também reforçou a segurança no bairro São João. Isso porque, mesmo diante do sofrimento das famílias que perderam suas casas, havia quem se aproveitasse para saquear o que restou. (G1)

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