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GATA VIRTUAL

Laura tem 23 anos, está se formando na Escola de Comunicação e Artes da USP

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Laura Diaz trabalha na TV USP. Para quem quiser escutar o tom encantadoramente indignado de sua voz basta tocar em assuntos como Pinheirinho, homofobia, corrupção, política nacional e cerceamento de liberdades.1

“O que me move é a escalada da repressão pelo país e pelo mundo. Que democracia é essa?” Quero saber como tirar a roupa pode ajudar na causa, e ela diz: “Tirar a roupa ou ficar com ela não tem nada a ver com a luta, do ponto de vista estrutural. Quando a gente coloca o corpo dessa maneira a gente se opõe à violência da vida, ainda mais numa cidade como São Paulo”.2

Estar despida, eu concluo, é um apelo natural pela liberdade que nos é, todos os dias, roubada em nome dessa falsa segurança que se chama repressão. “O absurdo não é eu estar despida no centro de São Paulo, o absurdo é a violência, é o que viraram as relações amorosas, meramente contratuais e econômicas, é a gente ser estuprado no trabalho todos os dias e achar que está OK aquele salário que não está nada de acordo com o tanto que se trabalha.” Mesmo se ela estivesse falando a favor da absurda escolha de Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara seria muito difícil discordar; é um poder que vem de fábrica com toda mulher muito bonita.3

Recentemente, saiu da casa dos pais no bairro de Santa Cecília e foi morar com três amigas. Marxista, diz que o essencial em qualquer linha política é a capacidade de agir. “Se você não aplica as coisas que você idealiza, vai ficar paralisado e virar aquele tipo de cara que só reclama. Velhos de 20 anos. Eu conheço muitos, gente que está aí parado criando raízes.”4

As críticas se estendem aos relacionamentos – precisamente, aos “2 mil anos de história que construíram casamentinhos meia bomba e relaçõezinhas levianas”, como ela diz. “É claro que não é fácil mudar o esquema para uma forma de amor mais livre, superar a discussão sobre ser hétero, homo ou pan. A revolução é permanente.” Pergunto se ela seria capaz de se apaixonar por alguém menos envolvido, e ela é rápida: “Acho que não tem como se apaixonar por alguém que está morto”.5

Nas horas vagas, Laura toca com sua banda Angela Carne e Osso e os Bacanais – e, no caso, Angela Carne e Osso, “a mulher de todos”, é ela. Além disso, dedica-se ao trabalho que ama: montagem de filmes. Antes de encerrarmos, manda um último recado: “É hora de agir, de construir. É isso ou ficar para sempre reclamando como adolescente, e eu não quero acreditar que minha geração tenha tão pouco a dizer”. À luta, rapazes. (Revista ensaio Trip)6

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