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COPA DO MUNDO

Lugano manda recado sobre punição: “mexeram com a gente”

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Entre as frases feitas do futebol, há duas clássicas: “O time entrou mordido” e “esse zagueiro só chega mordendo”. Na Copa do Mundo, o uruguaio Luis Suárez foi além da metáfora. Ontem, sem sentido figurado, a Fifa impôs sua punição.RTEmagicC_7cded76ba4.jpg

Pela mordida no ombro do zagueiro italiano Chiellini, Suárez está suspenso por nove jogos, proibido de atuar em  qualquer partida de futebol por quatro meses e terá de pagar multa de 100 mil francos suíços – cerca de R$ 250 mil.

Ele foi enquadradado em dois artigos do Código de Conduta da Fifa: 48 (ação antidesportiva) e 57 (comportamento ofensivo e fair play). A suspensão, para a qual ainda cabe recurso, é recorde em Copas. Até ontem, o maior gancho era do italiano Tassoti, que, com uma cotovelada, quebrou o nariz do espanhol Luis Enrique em 94 e pegou 8 jogos.

Ao receber a notícia na concentração, Suárez chorou. Flagrado a distância por cinegrafistas e fotógrafos, demonstrou uma fragilidade oposta à raiva com que mordeu Chiellini e à firmeza com que se recuperou de uma artroscopia no joelho esquerdo realizada a 21 dias do Mundial.

Consolado por membros da comissão técnica, teve sua credencial da Copa tomada e se despediu dos colegas, já que a suspensão o impede até de entrar nos estádios. À noite, pegou um voo fretado para destino não informado, ainda que uma multidão o aguardasse no aeroporto de Montevidéu, incluindo o presidente uruguaio José Mujica.

“Esse comportamento (de Suárez) não pode ser tolerado em nenhuma competição, muito menos na Copa, com os olhos do mundo voltados para a competição”, foi a afirmação de Claudio Sulser, presidente do Comitê Disciplinar da Fifa.

O comitê levou em conta o histórico do atacante, que agora soma 29 jogos de suspensão na carreira sem jamais ter sido expulso ou pego no antidoping. Suárez já havia sido punido duas vezes por morder adversários em campo, na Holanda e na Inglaterra. Além disso, foi afastado do Campeonato Inglês de 2011 por ofender o francês Evra com expressões racistas.

Tem mais: após a mordida da Copa do Mundo, o jornal inglês The Independent publicou uma foto da Copa das Confederações de 2013, em que Uruguai e Itália se enfrentaram na Fonte Nova. Na imagem, Suárez parece tentar morder justamente Chiellini, que agora leva no ombro a marca dos dentes.

No Twitter, o termo “Suárez 9” – uma referência à quantidade de partidas fora – foi o mais comentado do mundo logo depois que a Fifa anunciou a punição. Também não demoraram a aparecer declarações sobre o assunto. O ex-jogador Ronaldo tentou se esquivar, mas fez graça: “Eu nunca mordi ninguém. Sei que mordida dói. Até pouco tempo minhas filhas me mordiam. Na minha casa, tinha punição: era um quarto escuro. Quatro meses é similar”. Por sua vez, o também ex-jogador Juninho Pernambucano viu exagero da Fifa: “Suárez errou, mas é o criminoso da Copa? Mais um abuso da Fifa, 9 jogos suspenso? Vai ver que não foi mordida padrão Fifa, achei demais”.

A Adidas, marca que patrocina o atleta, suspendeu as ações publicitárias que teriam a imagem de Suárez durante a Copa. Só não deu tempo de tirar da rua uma placa perfeita para a galhofa. Em Copacabana, uma foto do jogador com os dentes à mostra foi o que bastou para a galera se divertir simulando mordidas.

Na internet, a chacota também prospera. Alguns dos memes mostram Suárez como vampiro, usando um colar canino e até numa disputa de mordidas com Mike Tyson, que também deu dentadas em cima do ringue.

Médicos falam em compulsão e Lugano manda recado
A literatura médica tem um termo para a compulsão por morder a si mesmo ou outra pessoa: chama-se dacnomania. Mas, fazendo a ressalva de que é difícil analisar um “paciente” sem entrevistá-lo, o psiquiatra Aderbal Vieira Jr., chefe do ambulatório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que trata de compulsões comportamentais, acredita que este não é o caso de Suárez.

“Fica claro que ele é uma pessoa impulsiva e, nos momentos de tensão, esta é a forma que ele tem de liberar sua agressividade. Tem gente que dá cotovelada, cospe no outro… Mas é precipitado dizer que tem uma compulsão por morder”, observa Vieira Jr. (Correio da Bahia)

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