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Ministério Público pede que Polícia Civil investigue foliões do bloco ‘As Muquiranas’ por agressão a mulher no carnaval de Salvador
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou com pedido à Polícia Civil para investigar um grupo de foliões do bloco ‘As Muquiranas’ que encurralaram e agrediram uma mulher no carnaval de Salvador. O caso aconteceu na terça-feira (21), em um trecho do Circuito Osmar (Campo Grande).
O órgão também instaurou um procedimento próprio para apurar os fatos, e disse que aguarda a colaboração da vítima, para obter informações adicionais que auxiliem nas apurações e possível punição dos autores.
Durante todo o carnaval, o MP-BA fez campanhas por meio do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero e em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid). Ao todo, foram registrados seis casos de importunação sexual durante a festa.
Todas as denúncias podem ser apresentadas ao Ministério Público por meio do site de atendimento ao cidadão, pelo número (71) 3103-6592, ou pelo e-mail nevid@mpba.mp.br.
Em anos anteriores, a direção do bloco As Muquiranas já havia assinado Termos de Ajuste de Conduta (TAC), por causa do comportamento abusivo e assediador dos foliões, especialmente com o uso de pistolas de água.
Nesta quinta-feira, Washington Paganelli, dono do bloco, reiterou que está disponível para oferecer dados à polícia, para que os agressores sejam identificados.
“Desde 2019 temos uma campanha com o Ministério Público, na qual não aceitamos esse tipo de violência, e vamos tomar as medidas necessárias. Vamos tentar identificar essas pessoas, eles serão excluídos do bloco. Se o poder público precisar dos nossos cadastros, nós temos fotos, identidade, CPF, endereço, nome. Se precisar, nosso cadastro está à disposição”.
“Vamos identificá-los, só que quem pode punir é o poder público. Como vice-presidente do Conselho Municipal do Carnaval, nós vamos abrir um requerimento na Câmara de Vereadores, pedindo a extinção dessas pistolas de água na rua”.
Encurralada e agredida
As imagens foram feitas pela equipe de reportagem de um portal de Salvador. Na gravação, é possível ver que a vítima foi atingida por jatos de água e empurrada várias vezes. Ela fica encurralada em uma grande roda criada pelos foliões, até a chegada de agentes da Guarda Civil Municipal.
Em seguida, a vítima foi acolhida pelos agentes e um dos agressores chega a apontar a mulher, como suposta agressora. A situação de assédio viralizou nas redes sociais. Uma das reclamações foi feita pela deputada estadual Olívia Santana (PCdoB).
“Olha o desespero dessa mulher, cercada pelos homens do bloco “As Muquiranas”. Isso não é uma brincadeira . É assédio, desrespeito, agressão e não deve ser tolerado pelo poder público. Não fosse a interferência da Guarda Civil o que aconteceria?”, questionou.
A parlamentar também disse que os homens que aparecem no vídeo mostram que o desrespeito às mulheres na folia é “ilimitado”.
“São homens que se “fantasiam de mulher” no carnaval. E mostram que o desrespeito às mulheres é ilimitado. Os assediadores e o bloco precisam ser responsabilizado!”.
Nota de repúdio
Em nota, o bloco “As Muquiranas” informou que é contra a qualquer tipo de violência, preconceito e assédio. Repudiou também qualquer tipo de atitude que evidencie essas práticas e prometeu providências.
“As Muquiranas” é um dos principais e mais importantes blocos do Carnaval de Salvador. Criado em 1965, ele é o primeiro de travestidos na história da maior festa popular do planeta.
Formado apenas por homens, o grupo se destaca pela criatividade das fantasias que, a cada ano, gera expectativa no público. Em 2023, o tema foi “Barbies – As Douras da Alegria” e o bloco homenageou os profissionais da saúde, que lutaram contra a Covid-19.
As Muquiranas desfilaram todos os dias no Circuito Osmar. No sábado (18), estrearam com a banda Pagod’art, na segunda-feira (20), foram comandadas pela banda Psirico, e na terça (21), foram animadas pelo Parangolé.
Veja abaixo a íntegra da carta aberta publicada pelo bloco:
Bloco divulgou nota de repúdio — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Bloco repudiou caso de agressão — Foto: Reprodução/Redes Sociais