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Reeducandos do Conjunto Penal de Itabuna participam de Roda de Conversa sobre “Ainda Estou Aqui”

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Após tomar conhecimento de que a biblioteca do Conjunto Penal de Itabuna já conta em seu acervo com mais de 20 exemplares do livro “Ainda Estou Aqui”, o escritor e jornalista Daniel Thame não pensou duas vezes: chegou a hora de um bate-papo com os reeducandos sobre literatura, leituras e novos caminhos na vida.

O bate-papo com os reeducandos era uma agenda de 2024 que teve que ser adiada, mas calhou de acontecer no momento em que o filme homônimo, estrelado por Fernanda Torres, numa interpretação magistral de Irene, a esposa de Rubens Paiva, que lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz, está fazendo sucesso em todo o mundo.

Discutir com pessoas privadas de liberdade um livro com essa importância histórica de um momento mais sombrios do país, poderia ser uma ação ousada demais, se fosse levada em conta a ideia que comumente se faz dos estabelecimentos penais como locais de segregação social pura e simples.

Daniel Thame, autor de livros como “Vassoura, o Apocalipse ao Gênesis da Civilização Cacaueira” e “Jorge100AnosAmado – Tributo a um Eterno Menino Grapiúna”, se mostrou impressionado com nível das discussões ao longo do bate-papo.

“A conversa se desenvolveu num nível elevadíssimo. As análises sobre liberdade física e liberdade mental, sobre o boicote das elites ao desenvolvimento das classes pobres por meio da negativa do acesso à educação, à leitura e à cultura como estratégia de subjugação dessas classes foram, sim, surpreendentes”, afirma Daniel Thame.

Todos que participaram da Roda de Conversa fazem parte do programa de Remição pela Leitura Asas da Imaginação, promovido pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), e executado pela empresa Socializa, cogestora da unidade prisional. O programa estimula a leitura, por meio da redução de quatro dias da pena a cada livro lido – comprovado por meio de um relatório, que deve ser aprovado por uma banca avaliadora e conta com a participação de mais de 200 reeducandos em sala de aulas, e mais de uma centena que realizam nos pavilhões e seus anexos.

Para além do benefício da redução da pena, a leitura se tornou um prazer para a maioria deles. A coordenadora do programa de Remição pela Leitura, a pedagoga Rute Praxedes revelou que abatimento de quatro dias da pena só possível para a leitura de um único livro por mês, mas muitos leem mais de três livros nesse período.

PORTAS ABERTAS PARA UM NOVO MUNDO

O escritor e jornalista grapiúna afirmou que a experiência foi transformadora. “Aprendi muito com as vivências de cada deles um com a literatura, e eles disseram que nosso bate-papo foi enriquecedor também para eles. Consegui deixar uma mensagem de que, no futuro, quando atravessarem o portão de saída, que façam o caminho mental inverso: não é a saída da prisão, mas a entrada na liberdade, naquela liberdade que eles já vivenciam por meio da leitura”, finalizou Thame.

O Conjunto Penal de Itabuna adotou o livro “Ainda estou aqui” no seu processo de ressocialização após uma decisão do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, de inserir o livro em toda a rede pública de educação do Estado.

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