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‘Tive que vencer o medo’, diz jornalista que denunciou agressão de PMs

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No sábado (4), Marivaldo Filho levou oito pontos em ferimento na cabeça.

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Dois dias após ter denunciado agressão sofrida por um policial militar, em Salvador, o jornalista Marivaldo Filho afirmou ao G1, na manhã desta segunda-feira (6), que precisou ter coragem para levar o caso a público.

“Tive que vencer o medo. Me disseram que poderia ser perigoso, mas decidi enfrentar até as últimas consequências.  Faço isso porque essa não é somente a minha causa. Essa é uma causa de todos os negros da periferia que apanham da polícia e alguns até somem. É também a causa da liberdade de imprensa. Eu não tenho o direito de ficar calado”, avaliou.

Marivaldo Filho, que é editor de política do site Bocão News e assessor de imprensa na Câmara Municipal de Vereadores, conta que foi agredido por um PM após ter se negado a apagar imagens feitas de uma viatura. Ele detalha que estava saindo de uma festa no bairro do Bonfim, no sábado (4), quando viu policiais agredindo um amigo. Ao pegar ao celular e fazer imagens do veículo policial, disse ter sido detido por desacato e agredido na cabeça com um material que acredita ter sido uma pedra. O corte foi suturado com oito pontos.

O jornalista disse que vai procurar a Corregedoria da Polícia Militar ainda nesta segunda-feira (6) para formalizar a denúncia. Por meio da assessoria de comunicação, a PM informou que aguarda a formalização de denúncia à Corregedoria para iniciar as investigações sobre o caso.

O governador da Bahia, Rui Costa, em seu perfil no Facebook, se posicionou sobre o caso. “Determinei ao secretário de Segurança, Maurício Barbosa, e ao comandante da PM, coronel Anselmo Brandão, a apuração rigorosa dos acontecimentos noticiados. Reitero que os policiais militares da Bahia têm o dever de garantir a segurança da população e a paz nas ruas, conforme os preceitos legais”, escreveu o governador.

Marivaldo detalha que, após saída da UPA, foi levado para a Central de Flagrantes, que fica na região do Iguatemi. “Eu fiquei do lado de pessoas que tinha cometido diversos crimes: tráfico, homicídio. Era uma recepção em que os presos ficavam sentados aguardando registros. Eram seis. Só eu e  meu amigo estávamos de algemas”, detalha.

Ao lembrar do momento da prisão, Marivaldo conta que temeu pela vida. “Não sabia para onde estavam me levando. Dentro da viatura, me perguntaram se eu não iria apagar a imagem. Quando eu disse que não, um [deles] começou a me agredir com socos e partiu a minha cabeça com um objeto que acredito ter sido uma pedra. Me levaram para UPA [Unidade de Pronto Atendimento] de Roma. Depois, me colocaram na viatura novamente. Senti medo”, disse. No percurso, ele estava acompanhado do amigo, que estaria sendo agredido pelos PMs.

O jornalista diz que a viatura estava com cerca de quatro policiais, mas a agressão partiu de apenas um deles. “Um deles tinha um olhar diferente, como se não concordasse. Tinha um do bem, um que destoava da forma que outros faziam. Isso percebi. Ele não estava na mesma sintonia. Não foi de encontro, mas não concordava”, relatou.

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