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Urach usou ‘mistura perigosa’, omitiu e se arrependeu, afirma cirurgião
Responsável pelas últimas intervenções realizadas em Andressa Urach, o cirurgião plástico Júlio Vedovato diz trabalhar desde agosto para reverter complicações originadas em procedimentos realizados por outros médicos e omitidos pela modelo.
Em tom de desabafo, o especialista quebrou o silêncio e falou com exclusividade ao G1 sobre o drama que colocou a jovem de 27 anos entre a vida e a morte depois de sofrer uma infecção na coxa esquerda. Ela está internada na UTI do Hospital Conceição, em Porto Alegre.
Vedovato afirma que a modelo está arrependida e que relatou a ele que nunca mais realizará qualquer nova cirurgia para fins estéticos. De acordo com o hospital, a infecção que fez Andressa apresentar um quadro gravíssimo entre o domingo (30) e a quarta-feira (3) foi gerada por injeções de hidrogel na perna. O médico garante: jamais aplicou o produto, ou outros compostos com os mesmos fins, em Urach.
“Ela fará algumas pequenas intervenções para corrigir as cicatrizes, mas abandonou para sempre as plásticas. O objetivo dela é passar a ser uma embaixadora de mulheres que já passaram pelo mesmo drama, e são contra essas aplicações”, adiantou Vedovato.
O especialista relatou ainda que precisou superar o fato de Urach não ter contado a ele sobre as misturas perigosas injetadas na perna ao longo dos últimos cinco anos, antes de realizar uma drenagem em agosto deste ano, com o objetivo de conter a inflamação. “Prefiro deixar ela explicar como tudo isso transcorreu. Mas ela usou uma mistura perigosa: não colocou apenas hidrogel, havia também Aqualift e Metacril, o que é sim inadequado. Eu soube disso só em agosto, uma semana depois de fazer uma intervenção. Ela se arrependeu e me contou”, explicou ele ao G1.
Desde a hospitalização de Urach, o cirurgião evitava a imprensa. Ainda abalado com o caso e diante de especulações sobre as origens, o médico enfatizou que o silêncio buscou acatar as exigências do Conselho Federal de Medicina. “O código determina que o médico guardará sigilo enquanto o paciente estiver entubado. Agora, conversei com a Andressa e ela me pediu para passar esta mensagem”, declarou.
Vedovato é formado em medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), um das mais prestigiadas do Rio Grande do Sul, e tem especialização em cirurgia geral com Residência Médica pelo Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, e Cirurgia Plástica com Residência Médica pelo Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre.
O polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, ou por metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com plástico. Já o Aqualift é classificado como um gel de preenchimento facial e corporal, composto por poliamida e solução fisiológica. Segundo o cirurgião, Urach jamais soube, precisamente, o total aplicado dos três produtos para aumentar os volumes das pernas. “Ela ficou com uma ‘bola’ na coxa, provocada pela mistura do PMMA e hidrogel. O metacril são microesferas de plástico no músculo”, explicou.
No dia 28 de novembro, depois da modelo continuar se queixando de dores, apesar de dois procedimentos de drenagem, Vedovato resolveu remover parte dos produtos da coxa esquerda, onde houve a infecção: “Foram mais de 200 ml entre hidrogel, sangue e gordura”, disse ele. Menos de 48 horas depois, as complicações prosseguiram, e ela foi hospitalizada.
O médico evitou classificar procedimentos realizados por outros profissionais como “erro médico”. “Nem sempre existe um cuidado, existem fatalidades, mas se foi erro quem deve fazer o julgamento é ela”, opinou. O médico diz ter acompanhado “diuturnamente” a paciente.
Urach, segundo ele, também ignorou avisos feitos pelo médico de que seria necessário descansar após ser submetida a uma nova drenagem. O alerta ocorreu no dia 23 de novembro, sete dias antes da internação, quando Vedovato fez um nova drenagem na coxa esquerda de Andressa para conter a inflamação. “Falei: ‘vá fazer repouso, mas ela foi a Brasília gravar uma matéria no programa de TV que apresenta”, afirmou.
Em seguida, no dia 28, foi a vez do procedimento de retirada de hidrogel, em uma nova tentativa de barrar a inflamação. Na casa da mãe, na Zona Norte de Porto Alegre, ela não suportou a inflamação. Teve de ser levada às pressas ao Hospital Conceição, local mais próximo da residência. Em boletins médicos, a instituição de saúde informou que a paciente chegou a ter uma paralisia nos rins. “A levaram ao bloco cirúrgico. A mãe se desesperou e queria minha presença.”
A proximidade de casa e a gravidade do estado de Andressa Urach foram decisivos para que sua mãe, Marisete, optasse por levá-la à emergência do Hospital Conceição no último sábado (29). Com infecção, muito fraca e com fortes dores, ela acabou internada na UTI da instituição, onde ainda permanece até a manhã deste sábado. O hospital atende exclusivamente pelo SUS e é um dos principais do Rio Grande do Sul, com mais de 27 mil pacientes para internação por ano.
O hospital faz parte do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), complexo que abrange outros hospitais e unidades básicas de saúde. O Conceição fica a cerca de um quilômetro do apartamento de Andressa, na Zona Norte de Porto Alegre. Ela chegou à emergência com a mãe, por volta das 22h30 de sábado.
Para evitar o assédio, o quarto da modelo tem um segurança à porta. O profissional foi posicionado especialmente para cuidar da privacidade da modelo. O objetivo é proibir fotos ou o contato com a paciente. A mãe de Andressa tem acesso ao quarto em horários diferenciados.
Andressa nasceu em Ijuí, cidade a 414 quilômetros de Porto Alegre, e foi vice-miss Bumbum. (G1)
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