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Urach usou ‘mistura perigosa’, omitiu e se arrependeu, afirma cirurgião

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Responsável pelas últimas intervenções realizadas em Andressa Urach, o cirurgião plástico Júlio Vedovato diz trabalhar desde agosto para reverter complicações originadas em procedimentos realizados por outros médicos e omitidos pela modelo.

Cirurgião plástico Júlio Vedovato com Andressa Urach em novembro (Foto: Reprodução/Facebook)

Cirurgião plástico Júlio Vedovato com Andressa Urach em novembro (Foto: Reprodução/Facebook)

Em tom de desabafo, o especialista quebrou o silêncio e falou com exclusividade ao G1 sobre o drama que colocou a jovem de 27 anos entre a vida e a morte depois de sofrer uma infecção na coxa esquerda. Ela está internada na UTI do Hospital Conceição, em Porto Alegre.

Vedovato afirma que a modelo está arrependida e que relatou a ele que nunca mais realizará qualquer nova cirurgia para fins estéticos. De acordo com o hospital, a infecção que fez Andressa apresentar um quadro gravíssimo entre o domingo (30) e a quarta-feira (3) foi gerada por injeções de hidrogel na perna. O médico garante: jamais aplicou o produto, ou outros compostos com os mesmos fins, em Urach.

“Ela fará algumas pequenas intervenções para corrigir as cicatrizes, mas abandonou para sempre as plásticas. O objetivo dela é passar a ser uma embaixadora de mulheres que já passaram pelo mesmo drama, e são contra essas aplicações”, adiantou Vedovato.

O especialista relatou ainda que precisou superar o fato de Urach não ter contado a ele sobre as misturas perigosas injetadas na perna ao longo dos últimos cinco anos, antes de realizar uma drenagem em agosto deste ano, com o objetivo de conter a inflamação. “Prefiro deixar ela explicar como tudo isso transcorreu. Mas ela usou uma mistura perigosa: não colocou apenas hidrogel, havia também Aqualift e Metacril, o que é sim inadequado. Eu soube disso só em agosto, uma semana depois de fazer uma intervenção. Ela se arrependeu e me contou”, explicou ele ao G1.

Desde a hospitalização de Urach, o cirurgião evitava a imprensa. Ainda abalado com o caso e diante de especulações sobre as origens, o médico enfatizou que o silêncio buscou acatar as exigências do Conselho Federal de Medicina. “O código determina que o médico guardará sigilo enquanto o paciente estiver entubado. Agora, conversei com a Andressa e ela me pediu para passar esta mensagem”, declarou.

Vedovato é formado em medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), um das mais prestigiadas do Rio Grande do Sul, e tem especialização em cirurgia geral com Residência Médica pelo Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, e Cirurgia Plástica com Residência Médica pelo Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre.

O polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, ou por metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com plástico. Já o Aqualift é classificado como um gel de preenchimento facial e corporal, composto por poliamida e solução fisiológica. Segundo o cirurgião, Urach jamais soube, precisamente, o total aplicado dos três produtos para aumentar os volumes das pernas. “Ela ficou com uma ‘bola’ na coxa, provocada pela mistura do PMMA e hidrogel. O metacril são microesferas de plástico no músculo”, explicou.

Infográfico - Hidrogel (Foto: Infográfico/G1)Infográfico – Hidrogel (Foto: Infográfico/G1)

No dia 28 de novembro, depois da modelo continuar se queixando de dores, apesar de dois procedimentos de drenagem, Vedovato resolveu remover parte dos produtos da coxa esquerda, onde houve a infecção: “Foram mais de 200 ml entre hidrogel, sangue e gordura”, disse ele. Menos de 48 horas depois, as complicações prosseguiram, e ela foi hospitalizada.

O médico evitou classificar procedimentos realizados por outros profissionais como “erro médico”. “Nem sempre existe um cuidado, existem fatalidades, mas se foi erro quem deve fazer o julgamento é ela”, opinou. O médico diz ter acompanhado “diuturnamente” a paciente.

Urach, segundo ele, também ignorou avisos feitos pelo médico de que seria necessário descansar após ser submetida a uma nova drenagem. O alerta ocorreu no dia 23 de novembro, sete dias antes da internação, quando Vedovato fez um nova drenagem na coxa esquerda de Andressa para conter a inflamação. “Falei: ‘vá fazer repouso, mas ela foi a Brasília gravar uma matéria no programa de TV que apresenta”, afirmou.

Em seguida, no dia 28, foi a vez do procedimento de retirada de hidrogel, em uma nova tentativa de barrar a inflamação. Na casa da mãe, na Zona Norte de Porto Alegre, ela não suportou a inflamação. Teve de ser levada às pressas ao Hospital Conceição, local mais próximo da residência. Em boletins médicos, a instituição de saúde informou que a paciente chegou a ter uma paralisia nos rins. “A levaram ao bloco cirúrgico. A mãe se desesperou e queria minha presença.”

A proximidade de casa e a gravidade do estado de Andressa Urach foram decisivos para que sua mãe, Marisete, optasse por levá-la à emergência do Hospital Conceição no último sábado (29). Com infecção, muito fraca e com fortes dores, ela acabou internada na UTI da instituição, onde ainda permanece até a manhã deste sábado. O hospital atende exclusivamente pelo SUS e é um dos principais do Rio Grande do Sul, com mais de 27 mil pacientes para internação por ano.

O hospital faz parte do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), complexo que abrange outros hospitais e unidades básicas de saúde. O Conceição fica a cerca de um quilômetro do apartamento de Andressa, na Zona Norte de Porto Alegre. Ela chegou à emergência com a mãe, por volta das 22h30 de sábado.

Para evitar o assédio, o quarto da modelo tem um segurança à porta. O profissional foi posicionado especialmente para cuidar da privacidade da modelo. O objetivo é proibir fotos ou o contato com a paciente. A mãe de Andressa tem acesso ao quarto em horários diferenciados.

Andressa nasceu em Ijuí, cidade a 414 quilômetros de Porto Alegre, e foi vice-miss Bumbum. (G1)

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