Um grupo de mães de crianças com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) reclamam da interrupção do fornecimento da fórmula de aminoácidos, o Neocate, pela Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS).
Foto: Divulgação
De acordo com a estudante de veterinária Isabel Cristina Inês, 30 anos, criadora de uma comunidade no Facebook para protestar contra a suspensão da entrega do produto, a espera ocorre desde novembro. Mãe de uma menina de 8 meses, ela estima um gasto em torno de R$ 2 mil no período – a lata de 400g do Neocate custa R$ 187 e é suficiente para alimentar sua filha por apenas dois dias.
“A gente está se virando, compra uma lata parcelando no cartão, os amigos e familiares se organizam, compram uma lata. Perguntei à nutricionista que acompanha minha filha o que fazer, não tenho mais condições. Ela disse para levar ela à emergência para tomar soro”, relata. Procurada pelo Bahia Notícias, a SMS afirma que “a tramitação do processo licitatório deflagrado em julho passado para aquisição da fórmula infantil à base de aminoácidos foi embargado devido a impugnações e recursos judiciais por parte das empresas concorrentes”, o que impossibilitou a conclusão da concorrência no período de três meses”.
A pasta ainda informou, em nota, que para “evitar a descontinuidade do tratamento de 60 crianças, das 140 cadastradas, a SMS deflagrou neste mês de fevereiro uma compra emergencial que deverá ter o seu trâmite finalizado em março de 2015, regularizando assim a atual situação”. A secretaria ressaltou, no entanto, que os pacientes afetados pela falta da fórmula continuam sendo assistidas mensalmente com acompanhamento médico e nutricional por profissionais da rede municipal de saúde, para “monitorar o estado nutricional de cada uma”. A APLV se manifesta em geral nos primeiros meses de vida da criança, quando ela tem contato com leite de vaca. Portadora do vírus HTLV, Isabel não podia amamentar a filha, que começou a manifestar a alergia nos primeiros dias de vida.
“Ela tinha dias de nascida e ficava chorando o tempo todo. Diziam que era normal, o bebê nascido há pouco tempo estranha tudo, tem cólica. Depois vim me informar que as cólicas passavam depois de três meses e nela começavam a se agravar. As fezes dela sempre eram amolecidas. Chorava dia e noite, o refluxo era vômito, tinha que trocar a roupinha várias vezes”, conta. O diagnóstico só ocorreu quando a garota completou cinco meses. “Fui ao gastro[enterologista] e descobri que ela tinha a alergia. A alergia é diferente de intolerância à lactose, que é o açúcar do leite. A alergia é à proteína do leite de vaca e não tem cura”, explica. A APLV tende a desaparecer até a criança alcançar os 4 anos. De acordo com Isabel, o tratamento é iniciado com o Pregomin, fórmula que contém a proteína altamente hidrolisada, o que facilitaria a absorção. “Mas minha filha ficou até os cinco meses exposta ao alérgeno, então ela foi sensibilizada por cinco meses e não aceita o Pregomin”, aponta. O Pregomin, que custa em torno de R$ 100, continua sendo oferecido normalmente pela SMS. (Bahia Notícias)
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