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Ex-funcionárias de mulher investigada por cárcere privado na Bahia relatam agressões: ‘Pegou tesoura, faca, um compasso’

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Quatro ex-funcionárias de Melina Esteves França, investigada por agredir e manter a babá Raiana Ribeiro da Silva em cárcere privado, em Salvador, relataram ter sofrido agressões e ameaças quando prestaram serviços para a empresária. Ao todo, sete mulheres já procuraram a polícia para denunciar agressões de Melina Esteves.

Uma babá, que preferiu não revelar a identidade, disse em reportagem à TV Bahia, nesta sexta-feira (27), que trabalhou por 17 dias, em 2020, quando Melina França morava no bairro de Piatã, também na capital baiana.

A ex-funcionária afirmou que foi agredida com arranhões, socos, puxões no cabelo e xingamentos após pedir demissão e dizer que estava insatisfeita por sempre ter que passar do horário combinado para finalizar o expediente.

“Ela me arranhou, pegou pelo meu pescoço, me deu um soco, puxou meu cabelo, me xingou”, disse.

Segundo a ex-funcionária, as agressões duraram cerca de cinco horas, ela tentou fugir do local, mas Melina França também teria trancado a porta. A babá ainda disse que a ex-patroa a levou para o quarto do filho, onde as agressões permaneceram.

“Ela pegou tesoura, faca, um compasso para mim. Foi a hora que fui me defender, porque fiquei com medo, aí a gente teve uma luta corporal”.

 

Depois das agressões, a vítima disse que a investigada chamou a polícia e acusou a babá de ter batido nela. Além disso, Melina França não teria feito o pagamento dos dias trabalhados.

“Eu não tinha condições de contratar advogado. Fiquei com medo. Não consigo olhar para ela, ficar de frente para ela”, completou.

Quem também sofreu ameaças de Melina foi uma mulher que trabalhou cerca de quatro meses, também no bairro de Piatã, só que no ano de 2018.

A ex-funcionária, que preferiu não revelar a identidade, disse que ficou sem receber salário por dois meses e após deixar o emprego, a ex-patroa esteve na casa dela para ameaçá-la. Uma vizinha, que viu a situação, teria chegado a gravar parte da conversa. O caso foi registrado na polícia.

“Me xingando, dizendo que não era para eu ir a frente [com o caso]. Me ameaçando, dizia que sabia onde eu morava e eu fiquei com medo e não levei adiante”, relatou

Outra babá, que também pediu para não ser identificada, disse que a ex-patroa ameaçou atropelá-la. A mulher trabalhou cerca de 15 dias na casa de Melina França, entre os meses de junho e julho deste ano.

“Eu falei com ela que eu só queria meu dinheiro. Aí ela me disse: ‘Você é muito preguiçosa’. Depois me ligou e ficou me ameaçando, dizendo que ia no meu bairro, que ia me quebrar toda, que ia passar com o carro em cima de mim”.

 

Segundo a mulher, o acerto era para que ela brincasse com as crianças “24 horas sem parar”. No entanto, a ex-patroa também pedia para que ela fizesse outras atribuições no apartamento.

“Foi um momento de muita angústia. Muitas coisas que eu estava vendo errado. Às vezes eu passava uma roupa, limpava sujeiras que as meninas faziam, mas minha obrigação mesmo era ficar com as meninas”, contou.

Questionada se sofreu algum tipo de agressão, ela disse que sim. “Foi um dia em que ela queria que eu brincasse com as meninas, só que nesse dia eu estava muito cansada”.

“Ela me pegou pelo braço, para eu brincar com as crianças e falou que minha obrigação era tomar conta das meninas, que eu estava sendo paga para isso”, relatou.

Em relação a quem morava na casa com Melina França, a babá disse que eram as três crianças e o filho dela – um menino adolescente. Segundo ela, quatro mulheres, contando com ela, trabalhavam no local durante o período em que cuidava das crianças.

Ainda segundo a babá, ela presenciou momentos em que a ex-patroa xingava e agia de forma grosseira com as funcionárias. A mulher também disse que Melina não assinou a carteira de trabalho dela e que não efetuou o pagamento dos serviços prestados.

Com medo das ameaças que já tinha sofrido, ela decidiu não prestar queixa na época.

“Eu moro perto dela. Então eu achava que ela ia fazer o que ela falou. Achava que ela ia fazer isso comigo. Quando eu vi os casos, eu vim dar meu depoimento”.

“Espero justiça. Ela tem que pagar por tudo o que ela fez, com todas nós”, disse.

 

A quarta mulher entrevista pela reportagem também revelou que foi impedida de deixar o apartamento após o horário acordado no momento da contratação. Ela foi convencida pela ex-patroa a deixar o serviço após o final de semana.

A ex-funcionária contou que chegou a ver uma arma guardada no apartamento de Melina França quando limpava o imóvel.

“Um dia eu [estava] limpando a casa, quando abri a gaveta tinha uma arma, aí eu fique com mais medo. Eu vi a bala e disse: ‘é de verdade, meu Deus, o que vou fazer?'”, relatou.

(G1-BA)

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