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Ex-procurador de Justiça do RJ, Cláudio Lopes recebeu R$ 7,2 milhões em propinas, segundo o MP
Em quatro anos, o ex-procurador de Justiça do Rio de Janeiro Cláudio Lopes, de 55 anos, recebeu R$ 7,2 milhões em propinas, de acordo com investigações do Ministério Público Estadual, em troca de favores para o governo de Sérgio Cabral. O ex-procurador foi preso na quinta-feira (8) por determinação do Tribunal de Justiça do RJ.
Segundo as investigações, os pagamentos de propina a Cláudio Lopes teriam começado ainda durante a campanha para o Ministério Público Estadual, com um aporte de R$ 300 mil. Em nota, a defesa de Lopes afirmou que “irá tomar as medidas judiciais cabíveis”.
Segundo depoimento de Carlos Miranda, responsável por fazer repasses de propina à quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral, o pedido para dar dinheiro a Cláudio Lopes foi do ex-secretário de Governo do RJ, Wilson Carlos, que atendeu pedido do então governador.
“A cooptação de Cláudio Lopes para o ‘esquema’ se deu a partir de um convite de Wilson Carlos, que ofereceu a Cláudio Lopes uma ajuda para a campanha, sendo esta prontamente aceita; que Carlos Miranda comentou com o depoente que Wilson Carlos ‘deu um chute’ e se surpreendeu com a pronta aceitação da ajuda para a campanha, que acabou se prolongando por todo o período dos mandatos”, explicou Sérgio Castro Oliveira, o Serjão, em depoimento na Justiça.
Serjão era destacado no esquema do ex-governador Cabral, segundo o MPF, para entregar propina a deputados estaduais e autoridades do estado. Serjão levava o dinheiro até os palácios Guanabara ou Laranjeiras e entregava a Wilson Carlos, que repassava a mesada a Lopes, que sempre ia buscá-la. As visitas ao Laranjeiras, residência oficial do governador, não duravam mais do que 15 minutos.
Após ser escolhido pelo governador, Cláudio Lopes passou a receber, a partir de março de 2009, mensalmente, R$ 150 mil. Os pagamentos eram feitos sempre até o dia 5 de cada mês.
Assim foi, de acordo com depoimentos de Carlos Miranda e de Sérgio de Castro, o Serjão, até dezembro de 2012, quando deixou o cargo máximo no MPRJ.
No período, os repasses totalizaram R$ 6,9 milhões. Cláudio Lopes é acusado de prática de corrupção, fraude a licitações, cartel e lavagem de dinheiro.
Os pagamentos eram feitos em maços de R$ 10 mil, distribuídos em notas de R$ 100 ou de R$ 50 no interior de envelopes pardos ou azuis.
“Cooptar o chefe do Ministério Público estadual, seria, como de fato foi, extremamente oportuna a eleição e posterior nomeação de um procurador-geral de Justiça que estivesse alinhado aos escusos interesses da malta”, escreveu o procurador-geral em exercício, Ricardo Ribeiro Martins, na denúncia.
Em troca pela propina, neste período, Lopes passou a “vazar” informações de investigações feitas pelo MP contra a gestão Cabral ou contra secretarias. Essa prática era feita:
- Constrangendo promotores;
- Requisitando procedimentos;
- Atrasando investigações.
Para justificar diante da categoria suas atitudes, segundo as investigações, Cláudio Lopes pedia aos promotores que não deflagrassem operações alegando que atrapalhariam eventos políticos como votações de orçamento do MP ou eleição para o governador.
Os temas de interesse do então procurador-geral eram investigações na área de Saúde ou na Refinaria de Manguinhos – mesmo que nestes casos não houvesse pessoas com foro, o que daria a ele atribuição nestes procedimentos.
Um dos eventos que chamou atenção da categoria foi quando Cláudio Lopes levou para casa, mesmo afastado do cargo para concorrer à reeleição, trechos de uma investigação dos promotores da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal do MPRJ. Por dois meses, a partir de 7 de outubro de 2010, os autos estiveram em sua residência no Recreio, zona oeste do Rio.
Os autos só foram devolvidos por Lopes em dezembro daquele ano após a intervenção do decano do MPRJ, o procurador Carlos Navega, que faleceu em outubro de 2017. (G1)
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