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Assassino de compositor mandou fotos do corpo para família pelo WhatsApp

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A voz embargada e as mãos trêmulas evidenciavam a tristeza da cozinheira Bárbara Tassiana de Jesus, 44 anos. Ela esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), na manhã desta terça-feira (7), para liberar o corpo do sobrinho, o cantor e compositor Felipe Yves Magalhães Gomes, 21, encontrado degolado na tarde desta segunda-feira (6), no bairro da Boca da Mata.

Bárbara, que era madrinha do músico, contou ao CORREIO que os bandidos utilizaram o celular do afilhado para enviar fotos do corpo, além de áudios anunciando o crime. “Eles mataram meu sobrinho como se fosse um bicho. Quebraram os braços, as pernas, arrancaram a cabeça dele. Mas por quê? Nós não entendemos o porquê de tanta crueldade. Ele não usava drogas, ele não fazia mal nenhum a ninguém”, indagou ela, que disse não ter tido coragem de ouvir as gravações disparadas por meio do aplicativo WhatsApp para a lista de contatos do jovem. Assim como a esposa de Felipe, familiares acreditam que o compositor tenha sido vítima de uma emboscada mas não imaginam, porém, o que pode ter motivado o crime.

Bandidos enviaram fotos do corpo de Felipe Yves para familiares
(Foto: Reprodução)

Conforme a madrinha, o Yves não tinha conhecidos na localidade da Independência, na Boca da Mata, onde foi encontrado o corpo. “Aquele lugar é horrível, estamos tentando entender como atraíram ele para lá”, completou. Ainda segundo Bárbara, o afilhado se tornou evangélico há dois anos e congregava na Igreja Batista de Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto, onde morava com a esposa há três anos. Caçula de dois irmãos, o músico saiu da casa dos pais mas visitava a mãe diariamente na Fazenda Grande II, em Cajazeiras, onde nasceu e foi criado.

O crime
Amigo de infância de Felipe, o técnico em refrigeração Charles Ferreira, 27, contou ao CORREIO que o compositor passou o domingo (5), último dia em que foi visto com vida, ensaiando com os amigos. “Ficamos juntos o dia inteiro. Ele ensaiou de 8h até às 14h, depois ficamos na casa da mãe dele. Por volta de 22h, ele recebeu um telefonema e saiu, pensamos que ele tivesse ido para casa, depois disso não tivemos mais notícias”, disse.

Charles também acredita que o amigo tenha sido vítima de uma emboscada. “Ele era muito alegre, brincalhão e querido por todos. Passamos o domingo inteiro rindo, todo mundo feliz. Foi muita maldade o que fizeram com ele, estamos devastados”, pontuou. Segundo o técnico, Felipe não voltou para casa e não atendia mais ao telefone. Já na segunda-feira, pessoas ligadas ao jovem receberam fotos de seu corpo, além de áudios, supostamente gravados pelos assassinos, anunciando o crime.

“Até o meio dia de ontem [segunda-feira], o celular dele chamava. Depois desse horário parou de dar sinal, desligaram. Só soubemos por causa das fotos, foi aí que o irmão dele veio ao IML e reconheceu o corpo”, lembrou a madrinha. Os pertences do músico não foram encontrados pela polícia.

Veia artística
Cantor e compositor de pagode, Felipe Yves já passou por bandas como Som on Line, Pagolove, Os Malas, Cajacity e Golaço, última da qual fez parte. Ele compôs as músicas “Bota o Bumbum Dela no Paredão” e “Depois de Nós é Nós de Novo”, interpretadas pelos cantores Léo Santana e Igor Kannário, respectivamente. Segundo a madrinha, o jovem tinha a música no sangue. “Compunha muito, gostava desse mundo e, como sempre foi popular, as músicas acabaram chegando nesses artistas”, recordou.

Apesar do sucesso de suas canções, após se converter evangélico, há cerca de dois anos, Yves decidiu escrever apenas músicas gospel. “Não sei porque, mas foi o que ele decidiu, passou a escrever canções voltadas para a religião, ele estava se sentindo bem assim”, salientou o amigo Charles Ferreira.

Além de familiares e amigos de infância, companheiros de banda também estiveram no IML esta manhã. O corpo do músico vai ser enterrado nesta terça-feira, às 17h, no Cemitério Bosque da Paz, na Estrada Velha do Aeroporto. O crime está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.

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