Bahia
Greve dos caminhoneiros causa prejuízos a diversos setores na Bahia; cinco morreram
A greve causou atrasos a distribuidoras de alimentos e prejudicou a exportação de produtos agrícolas da região Oeste do estado.
Os bloqueios das estradas na Bahia e no Brasil causaram prejuízos a setores econômicos. Em todo o país, frigoríficos que transportavam aves congeladas e produtores de outros alimentos perecíveis registraram perdas. Na Bahia, a greve causou atrasos a distribuidoras de alimentos e prejudicou a exportação de produtos agrícolas da região Oeste do estado.
“Nessa semana, as cargas chegaram atrasadas. Um caminhão que trazia leite de coco, que vinha de Pernambuco, chegou com quatro dias de atraso. Uma carga de fraldas, que vinha de São Paulo, atrasou três dias”, afirmou André Chaves, gerente da ADR Distribuidora de Alimentos, que fica em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
“A situação nos preocupa muito, porque trabalhamos com estoques quinzenais. Qualquer pequeno atraso acaba atrapalhando muito e causando prejuízo”, disse, ainda sem calcular o valor do prejuízo.
O assessor de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), do Oeste baiano, disse que os valores dos prejuízos ainda não foram consolidados, mas que os atrasos de cargas de milho e soja trouxeram impactos negativos. “Pela BR-242, levamos produtos para serem exportados pelos portos. Os atrasos geram multas, pois os navios exportadores têm cronogramas a cumprir”, afirmou.
Ao menos 300 caminhões saem diariamente dos municípios produtores do Oeste, carregando aproximadamente 27 toneladas cada. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado (Setceb), Antônio Siqueira, o prejuízo total ainda nem pode ser estimado
. “Logicamente, temos perdas comerciais grandes, porque temos um compromisso de entrega dentro de um prazo com nossos clientes”. Ainda assim, Siqueira afirmou que os caminhoneiros das empresas baianas não devem ser demitidos.
Manifestações causam 5 mortes, sendo 4 na Bahia
Após quatro dias de bloqueios em rodovias de todo o país, os protestos dos caminhoneiros causaram danos maiores do que a perda de cargas, quilômetros de congestionamento e confrontos entre a polícia e os manifestantes. Em menos de 12 horas, cinco pessoas morreram só na BR-116.
Van bateu em carreta quando tentava escapar de engarrafamento na BR-116. Como impacto, quatro ocupantes da van morreram no local
Por volta das 5h30 de ontem, quatro pessoas morreram em um acidente entre uma carreta e uma van, num trecho do km 900 da rodovia que estava fechada pelos manifestantes, próximo a Cândido Sales, no Sudoeste baiano.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), dez pessoas estavam na van, que saiu de Gavião, a 242 quilômetros de Salvador, em direção a São Paulo.
Ao tentar seguir pelo acostamento, o motorista da van não conseguiu frear para desviar da carreta. A van colidiu com a traseira do caminhão. Outros cinco ocupantes da van ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital Geral de Vitória da Conquista.
No entanto, o nome das vítimas e o estado de saúde dos feridos não foram divulgados pela PRF. Já o motorista da carreta, que também não foi identificado, foi preso por ter bloqueado a via. Ainda ontem, após o acidente, a via foi liberada pelos caminhoneiros.
No final da tarde de ontem, três trechos de rodovias na Bahia ainda continuavam fechados por manifestantes. Segundo a PRF, todos ficam na BR-116: no quilômetro 759, no trecho do quilômetro 778, além do quilômetro 804.
Brasil
A primeira morte relacionada aos protestos nas estradas foi registrada na noite de quarta-feira. O caminhoneiro Renato Kranlow, 44 anos, foi morto ao tentar cruzar a barreira montada em Camaquã, no Rio Grande do Sul, a 129 quilômetros de Porto Alegre.
De acordo com a PRF, Kranlow foi agredido por manifestantes da categoria ao tentar sair de um posto de combustível onde tinha sido obrigado a parar. No local, ele teria sido agredido por outro caminhoneiro, com um soco no rosto. Em seguida, Kranslow pediu ajuda à PRF, que passou a acompanhá-lo a distância com uma viatura.
No caminho para a delegacia, o caminhão dele foi alvejado por uma pedra. Atingido no pescoço, o caminhoneiro morreu engasgado pelo sangue. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul informou que investigará o crime como homicídio doloso, mas ainda não tem suspeitos.
Em São Paulo, oito cabines de pedágio haviam sido incendiadas em uma via estadual, na quarta-feira.
Paralisação
Os caminhoneiros reivindicam melhores condições de trabalho, redução do preço do óleo diesel e isenção de pagamento de pedágio. Uma das reivindicações da categoria é a exclusão de um projeto aprovado, anteontem, em comissão especial da Câmara dos Deputados. De autoria da bancada ruralista, o projeto flexibiliza o período de descanso para caminhoneiros e permite jornadas mais longas para a categoria.
Hoje, a lei determina que caminhoneiros devem ter 11 horas de descanso ininterrupto após um dia de trabalho, fazendo uma pausa de meia hora após dirigirem por quatro horas seguidas. Pelo projeto, o descanso ininterrupto cai para oito horas, e aumenta para seis o tempo de direção sem parada para pausa. Desde domingo, a categoria fechou mais de 90 trechos de rodovias em pelo menos dez estados. Fonte: Correio 24hs
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