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COPA DO MUNDO ENGRAÇADA

Jogo acaba em piada e frustração em unidade da Fundação Casa

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Internos da unidade Guayi da Fundação Casa, em Guarulhos, na Grande São Paulo, foram divididos em duas salas de aula equipadas com pequenos televisores.

Grafite em homenagem à seleção na Fundação Casa (Foto: Livia Machado/ G1)

Grafite em homenagem à seleção na Fundação Casa (Foto: Livia Machado/ G1)

Em férias escolares, os garotos assistem juntos aos jogos da Copa desde o início do mundial. Nos dias de confronto da seleção brasileira, os familiares podem acompanhar a partida ao lado dos filhos.

No começo da tarde desta terça-feira (8), os 59 internos pareciam ansiosos para o embate com a Alemanha. A maioria esperava encerrar o dia celebrando a vaga na final. Nas paredes do corredor que dá acesso às salas, os meninos fizeram grafites de apoio à seleção brasileira, durante as aulas de arte.

Até os 20 minutos do primeiro tempo estavam todos otimistas, revela Marcelo, de 17 anos. Ele concordou com a opção de Bernard no lugar de Neymar, e acreditava na vitória. Segundo o garoto, o grupo passou nervoso durante a partida contra o Chile, nas oitavas de final. “Depois dos pênaltis, achei que dava. Todo mundo aqui sofreu. Mas achei que a gente ia conseguir ir para a final”, comenta.

Internado há três meses por roubo a mão armada, o menino custou a acreditar que a Alemanha emplacou quatro gols em tão pouco tempo. “Achei que era replay, foi muito rápido”, afirmou. Há três meses na unidade, Marcelo espera voltar às ruas após seis meses de reclusão. A decisão é da Justiça, com base no comportamento dos adolescentes e na tipificação do crime cometido, e tem prazo máximo de três anos, com reavaliações semestrais.

Hoje, se estivesse fora da unidade da Fundação Casa, Marcelo diz que ostentaria um corte de cabelo similar ao de Neymar, jogador que tem como ídolo nacional. A presença da mãe, e a distribuição de pipoca e refrigerante remetem à vida que ele levava anteriormente. “Dá uma sensação boa”, resume.

Ele acompanhou o jogo abraçado à matriarca durante os 90 minutos. Ela é pé quente? “Não, é que dá saudades. O que sinto mais falta é dos familiares mesmo”, responde o menino. A dona de casa Maria, de 46 anos, tenta apartar a distância com as visitas agendadas. Esteve com o filho no jogo entre Brasil e México, ainda na fase de grupos, que terminou em empate sem gols. “Não tem graça assistir longe dele”, afirma ela.

Palmas e piada
Ao final do primeiro tempo, os meninos já brincavam com a goleada histórica. Poucos apostavam em uma virada surpreendente. “Vixe, já era pro Brasil, acabou”, diziam. Apesar de sentenciarem a derrota, eles mostraram animação em alguns lances, pediram pênaltis a favor do Brasil em tantos outros, e recorreram à ironia: bateram palmas e gritaram em coro o nome da seleção europeia diversas vezes.

Pedro, de 15 anos, internado por roubo há cinco meses, também acompanhava a partida ao lado da mãe. Embora tenha revelado que não gosta de nenhum esporte e estivesse pouco preocupado com o resultado do jogo, ele torcia ao menos para que a seleção alemã não marcasse mais. “Tá bom, já vai ser uma grande vergonha”, avaliou.

No sétimo gol, os demais meninos endossaram a opinião de Pedro. “Que vergonha”, falavam. A frustração, porém, não impediu que os internos celebrassem o “gol de honra” da seleção brasileira. “Ao menos não vai ser de zero, né”, defendeu João, de 15 anos. E brincavam: “Corre que agora faltam seis”. “Vai que dá pra virar”, e riam.

O clima após o apito final não era de drama tampouco chororô. Os meninos encararam a derrota na piada, mas lamentaram disputar apenas o terceiro e quarto lugar. Para eles, as ausências de Neymar e Thiago Silva foram decisivas. “Se eles tivessem jogado não teria terminado assim”, defenderam.

Com o Brasil fora da final da Copa, os adolescentes da unidade apostam que a Argentina será a rival da Alemanha no próximo domingo, no Maracanã, no Rio de Janeiro. E prometem torcem a favor de Messi. “A Argentina vai ser campeã”, profetizam. (G1)

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