Bahia
Morre em Camaçari jovem infectada aos 3 anos de idade por HIV
Jovem morreu na sexta-feira enquanto aguardava transferência para UTI. Ela foi contaminada aos três anos durante uma transfusão de sangue.
A garota de 17 anos infectada por HIV durante transfusão de sangue em um hospital público de Salvador em 1998, foi sepultada por volta das 12h deste sábado (20), no Cemitério Jardim da Eternidade, em Camaçari.
A família da adolescente acusa negligência no tratamento do Hospital Geral de Camaçari, onde deu entrada com sintomas de gripe no sábado (13). Indignado, Carlos Alberto, pai da garota, foi à frente do hospital e pediu por ajuda. De acordo com ele, a jovem teria ficado instalada no corredor do hospital sem diagnóstico. “Não tem estrutura. Ela ficou no corredor, sem ninguém. Minha filha morreu e eu não sei porquê. Um descaso total. Ela morreu à mingua. Isso é uma violação dos direitos humanos”, reclama.
Através de nota à imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que a paciente deu entrada no hospital com um quadro de infecção respiratória. A Sesab informa que a jovem tinha “total assistência, inclusive fazendo uso de ventilação mecânica necessária”.
Desespero
“Ela chegou sábado à tarde, ficou no corredor. Só vinham enfermeiros aplicar remédios. Eles disseram que ela estava com infecção pulmonar. Ontem [quinta-feira], o médico foi lá e disse que não era isso, que ela tinha que ser entubada, que era grave. Então levaram ela para uma sala. Hoje ela voltou para o corredor, demorou um pouco e o coração dela parou de bater”, relatou Ana Clara, uma das três irmãs da adolescente.
Segundo Ana Clara, desesperado com a parada respiratória, o pai da jovem começou a realizar massagem cardíaca na filha enquanto esperava o atendimento médico. “Começaram a gritar por médicos. Aí meu pai foi massagear o peito dela. Aí chegou a polícia e depois tiraram a gente do corredor”, disse.
O pai afirma que a menina estava lúcida antes de ser entubada e conversava normalmente com ele no corredor do hospital. “Ontem de ontem [quarta-feira], ela estava querendo dormir. Ela disse: ‘meu pai, apague as luzes’. Mas eu não tinha como apagar. Como ia apagar com um monte de gente realizando procedimento?”, lamenta Carlos Alberto.
De acordo com a família, a adolescente se sentia rejeitada pelos colegas na escola e mostrava sinais constantes de tristeza. “Ela tinha desgosto, não tinha ânimo de viver. Os colegas não a aceitavam”, afirma o pai.
Transferência
A Sesab informou que, como a adolescente é portadora do vírus HIV, foi solicitada a transferência dela para o Hospital Couto Maia ou para o Hospital Geral Roberto Santos, que são referências no estado para o atendimento desses casos.
Na quinta-feira, foi identificada uma vaga na enfermaria do Hospital Couto Maia, mas não foi possível a transferência da adolescente em função do agravamento do quadro de saúde, tornando necessária a transferência para um leito de UTI, informou a Sesab. G1
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