Bahia
Sargento da PM ferido em operação no sul da Bahia é transferido para Salvador; subtenente morreu na ação

O sargento da Polícia Militar ferido durante uma ação que resultou na morte de um subtenente e deixou outros dois militares feridos, em uma pousada de Itajuípe, no sul da Bahia, foi transferido para um hospital particular de Salvador. Nesta quinta-feira (29), ele segue internado.
Junto com o subtenente Alberto Alves, o sargento D’Almeida faria a segurança do candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), que teria agenda de campanha em Coaraci, município vizinho. A programação foi cancelada e o político prestou solidariedade nas redes sociais.
Sargento relatou situação em vídeo
D’Almeida gravou um vídeo, que viralizou nas redes sociais. O sargento narra que dormia no mesmo quarto que o subtenente Alves, quando os outros policiais invadiram o quarto já atirando. Ferido por três disparos, pediu ajuda, mas não foi atendido.
“Me deixaram lá e eu gritando: ‘eu sou polícia, me dê socorro’. Eles não me deram, eu saí me arrastando até a porta do quarto, chegando lá consegui me encostar na parede, fiquei sangrando muito e um policial o tempo todo apontando um fuzil para mim”, afirmou o sargento no vídeo.
“Ele falava: ‘cale a boca, deixa de conversa, eu sei quem você é’, e eu pedindo a ele socorro. Ele disse que vinha um ambulância de outro município e eu falei: ‘a gente está com o carro aí, ou então me dê socorro na viatura'”, narrou.
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Policial baleado em ação no sul da Bahia diz que militares dormiam quando teve quarto de pousada invadido — Foto: Reprodução/Redes Sociais
D’Almeida relatou ainda que um dos policiais ameaçou matá-lo. Também segundo o sargento, ele foi conduzido ao hospital cerca de uma hora depois de ser baleado.
“Eles me conduziram na viatura e ainda assim de forma hostil. O policial o tempo todo falando comigo para ficar quieto, para não abrir a porta'”.
Ainda no mesmo vídeo, D’Almeida relatou também que os policiais usaram sua arma para simular uma troca de tiros dentro do quarto.
“Fizeram vários disparos com a minha arma dentro do quarto. Eles mesmos dispararam lá, e depois me trouxeram para o hospital. Sequer me ajudaram a sair da viatura, eu com o braço com fratura exposta, pendurado, e eles não me ajudaram”, disse.
Corregedoria investiga e MP acompanha
O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, disse que uma equipe da Corregedoria da corporação foi enviada para a cidade de Itajuípe, no sul do estado, para esclarecer a situação.
“Todo fato e ocorrência policial, nós só chegamos a um juízo de valor após uma apuração. Foi instaurado o inquérito policial militar e destinamos, daqui de Salvador, uma equipe da Corregedoria Geral, para trazer efetivamente o que nós temos de mais correto da apuração”, disse.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que recebeu a notícia de fato que relata a ação. O órgão afirmou ainda que tomou providências para a apuração da ocorrência e acompanhará de perto as investigações sobre o caso. No entanto, não detalhou a medida tomada.
Quem eram os PMs hospedados
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Subtenente Alves morreu após ser baleado no sul da Bahia — Foto: Arquivo pessoal
Um dos PMs baleados que trabalharia para o candidato foi o subtenente da Polícia Militar, identificado como Alves. Ele morreu na ação.
Alves estava com o colega, sargento D’Almeida, fora do serviço militar. Os tiros que atingiram os dois policiais partiram da Polícia Militar e não tiveram relação com a campanha política, de acordo com a corporação.
Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros dois policiais que também estavam no quarto e ficaram feridos na ação. Eles não iriam trabalhar na campanha de ACM Neto.
A assessoria de campanha de ACM Neto cancelou a agenda da campanha nesta quarta. O candidato se solidarizou com os familiares do subtenente Alves e desejou recuperação ao sargento D’Almeida.
G1
