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Por que a conta a conta de luz está tão cara e deve continuar subindo
A energia elétrica foi o item de maior peso na última divulgação da inflação oficial do país. Apenas no mês passado, a alta foi de 5,37%, o que correspondeu a 0,23 ponto percentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio. Em 12 meses, o acumulado está em 8,06%.
E se os brasileiros sentiram o aumento da conta de luz no bolso, a tendência é de piora. Maio foi o mês em que passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos ao mês. Mas, neste mês, a tarifa passou a considerar o patamar 2, que adiciona R$ 6,243 na conta para cada 100 kWh.
O estouro de preço é consequência da crise hídrica que afeta os reservatórios das usinas hidrelétricas. O Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), fazendo necessário o acionamento das usinas termelétricas para suprir a queda de oferta.
Abaixo, entenda em detalhes o que está fazendo aumentar os preços de energia.
Por que a conta de luz está mais alta?
Com a crise hídrica e queda do nível dos reservatórios de hidrelétricas, a oferta de energia é compensada por usinas termelétricas. O custo de geração fica mais alto e esse preço é repassado ao consumidor.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o acionamento além do previsto de usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia em 2021 vai custar R$ 9 bilhões aos consumidores. De janeiro a abril deste ano, o acionamento adicional das termelétricas já custou R$ 4,3 bilhões.
Para compensar esse gasto, foi adotada a bandeira vermelha patamar 2, nível máximo de cobrança extra aos consumidores.
O que são as bandeiras tarifárias?
Para incentivar a economia de energia, o país tem um sistema de aumento da cobrança que se move de acordo com a condição dos reservatórios. Essas divisões foram chamadas de bandeiras tarifárias.
Quando as condições de produção pioram, há uma mudança de fase, definida sempre pela Aneel. São quatro níveis:
- Bandeira verde: não gera cobrança extra no consumo de energia.
- Bandeira amarela: gera tarifa extra de R$ 1,343 para cada 100 kWh consumidos no mês.
- Bandeira vermelha, patamar 1: a cobrança extra é de R$ 4,169 a cada 100 kWh.
- Bandeira vermelha, patamar 2: adicional sobe para R$ 6,243 na conta para cada 100 kWh.
Bandeiras tarifárias — Foto: Juliane Monteiro/Arte
Por que está chovendo menos?
Especialistas disseram que o período de seca intensa é consequência de uma junção de efeitos climático do desmatamento na Amazônia, do aquecimento global causado pela queima de combustíveis fósseis e do fenômeno natural La Niña.
Com menos árvores na Amazônia, há cada vez menos umidade para os ventos que “transportam”a chuva para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Segundo os cientistas, o aumento da temperatura também reduz a precipitação no Brasil central.
O La Niña diminui a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico tropical central e oriental e gera uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura no planeta. Um dos efeitos é a mudança de padrão de ventos na região equatorial, que se tornam mais ou menos intensos, e isso muda a chegada das frentes frias e reduz as chuvas na porção Sul do Brasil.
A situação vai melhorar?
Ao longo do ano, o Brasil tem meses secos e chuvosos. A crise é ainda mais grave porque os próximos meses são os de estiagem (de maio a setembro). A expectativa, portanto, é que o nível dos reservatórios deve baixar ainda mais.
Com essa condição em vista, não há previsão de desligamento das termelétricas nem de adoção de níveis mais brandos das bandeiras tarifárias.