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ENSAIOS E ENTRETENIMENTO

Aldri Anunciação comemora Prêmio Jabuti

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Namíbia, Não! é o livro de estreia do autor baiano, que já conquista espaço entre os melhores do Brasil e pode ser eleito, ainda, o livro do ano.RTEmagicC_Aldri_Anunciacao_Namibia_Nao_-_Creditos_Jamile_Amine_Comunika_Press_2_05.jpg

Ele ainda está eufórico com a notícia: seu livroNamíbia, Não! acaba de conquistar o primeiro lugar na categoria ficção juvenil, o Prêmio Jabuti. O anúncio foi feito a tarde da quinta (17). Mas não para aí: o autor Aldri Anunciação ainda poderá ter o título eleito como o livro do ano, no próximo dia 13 de novembro. Sobre isso, prefere não nutrir expectativas, afinal, para sua estreia na literatura ele já teve boas surpresas. Na entrevista a seguir, o escritor comenta sobre a produção literária na Bahia, comenta a interação de sua obra com outras expressões culturais e também sugere de que maneira é possível aproximar os jovens da literatura.

iBahia – O que esse prêmio representa para sua carreira e para a literatura baiana?

Aldri Anunciação – Para minha carreira não sei mensurar de verdade o que representa. Penso que o reflexo disso vamos ver nas próximas “folhas”. Não podemos negar que é um prêmio com uma relevância nacional muito grande no meio editorial. Fico feliz com o reconhecimento, sobretudo, pela categoria de Ficção Juvenil, pois resgatar o jovem brasileiro para que ele possa usufruir mais o teatro e  a literatura do seu próprio país, pode provocar efeitos maravilhosos nas gerações futuras. Esse resgate é muito importante para constituição  de um público mais sólido para as artes no Brasil. O mesmo posso falar no caso da literatura baiana. Existe uma barreira muito grande para a inserção de novos livros baianos no mercado nacional. O fato de Namíbia, Não! ser o primeiro livro laureado com um Jabuti de Literatura em toda história de existência da editora EDUFBA é uma prova dessa barreira. Então acho que o prêmio pode ter um efeito muito positivo para o mercado e a produção de autores baianos.

O que, na sua opinião, falta para que a literatura produzida na Bahia ganhe  maior visibilidade no âmbito nacional?

Não sei lhe responder com precisão a essa questão, pois necessitaria uma análise muito ampla e apurada sobre diversos fatores que eu talvez não domine 100%. Mas, baseado nas minhas experiências com o Projeto Namíbia (que inclui um espetáculo teatral, um livro e um bate-papo com o público), posso sugerir que podemos conjugar mais as linguagens, promovendo uma atualização no contato com o público. Promover ações em conjunto. Adaptações de literatura baiana para os palcos. Romancistas baianos promoverem ideias e encontros com os dramaturgos e cineastas. Acho que essas conjugações podem ter como consequência a descoberta de novas plataformas de comunicação com o público das artes, e ainda de quebra pode estimular o público jovem, que demanda sempre uma atualização de interfaces. Isso pode ter como consequência uma visibilidade nacional. Mas ainda precisamos conquistar mais o público local para a o teatro e para literatura.

É possível viver de literatura hoje na Bahia?
Eu não vivo de literatura.

Quais as principais diferenças que Namíbia, nâo! apresenta entre suas versões em livro e no teatro?

O desafio maior na transposição foi a triagem do que era técnico (em um texto de teatro) e o que poderia ter um efeito literário. O texto teatral é escrito para os profissionais de teatro (atores, cenógrafos, figurinistas, diretor artístico e etc.). A transposição procurou transformar essas informações técnicas em um texto com potencialidade imagética  para o  leitor em geral.

Conte um pouco sobre como você iniciou na literatura?

Você está vendo esse início. Namíbia, Não! (Ed. Edufba) é o meu primeiro livro.

O que pode e deve ser feito para incentivar a leitura e o ato de escrever entre os jovens? 

Posso arriscar que a experimentação e a conjugação de linguagens é um forte atrativo para o leitor jovem. Namíbia, Não! por exemplo é uma mistura de diversas possibilidades e estéticas literárias: Teatro Épico + Teatro do Absurdo + Realismo + Surrealismo + Lirismo. Isso talvez tenha imprimido um aspecto de aventura literária, que atrai os jovens. Além da linguagem acho que podemos investir também nos temas mais locais. O jovem é muito antenado com o que ocorre com o mundo, mas as suas experiências são locais ( baianas e brasileiras). Então inserir essas temáticas locais no material artístico pode provocar um interesse dos jovens para as artes.

O que está escrevendo no momento?

Sou geminiano, e todo bom geminiano consegue ler mais de um livro ao mesmo tempo. Sempre foi assim comigo. E isso se transferiu de alguma forma para a escrita, pois estou escrevendo um longa-metragem, um romance e dois textos teatrais (ao mesmo tempo). E sem sofrimento! Escrever é um prazer.

O que está lendo no momento? 

Estou lendo vários livros. Mas posso citar aqui, que estou curtindo muito o livro Um naufrago que ri (Ed.Record) do autor baiano Rogério Menezes.

Quais são suas maiores influências na literatura?

Jorge Amado, Saramago, Beckett, Jack Kerouak, Ionesco, Agualusa, George Orwel e Cláudio Simões,

Seu livro ganhou adaptação para o teatro, de que forma sua obra dialoga com outras expressões artísticas? 

Tenho uma certa atração pelo futuro. Não sei dizer se é uma pressa… mas todas as minhas histórias (as que estou escrevendo e as que estão engavetadas) acontecem no futuro (próximo ou distante). Penso que talvez seja isso que possibilita uma conjugação e atualização com diversas linguagens.

Dia 13 de novembro, será divulgado o resultado do melhor livro do ano. Já pensou na possibilidade de ganhar mais este prêmio? Qual o seu sentimento em relação a isso? 

Já estava feliz e honrado por estar entre os dez finalistas do Jabuti. Ter recebido o prêmio em primeiro lugar na categoria Ficção Juvenil me deixou atônito. O Jabuti é um prêmio de consagração, não de início de carreira. E este foi o meu primeiro livro. Tenho muita consciência disso. Acho que a expectativa, às vezes, não trabalha muito a favor das coisas. Prefiro ter fé do que expectativas. Então, respondendo a sua pergunta: eu opto por não pensar sobre essa possibilidade de ter feito o livro do ano. Essa história quem escreve não somos nós! (Ibahia)

 

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