‘Era inconformada com a violência’, afirma enteado de professora morta

Médico relata que vítima encontraria amigos para participar de caminhada. Crime aconteceu no domingo. Sepultamento vai acontecer na quinta-feira.

“Ela era completamente inconformada com a situação da desigualdade, da violência e da pobreza. Acreditava muito na bondade do ser humano. Não imaginava que iriam atirar”, disse, na noite desta quarta-feira (19), Rafael Chaves, 38 anos, enteado da professora universitária Anamaria Morales, 60 anos, assassinada em tentativa de assalto no bairro de Itapuã. Segundo a polícia, ela reagiu a ação dos criminosos.

O crime aconteceu no domingo (16) e três homens são suspeitos – um se entregou à polícia e dois são considerados foragidos. O sepultamento está marcado para a quinta-feira (20), no cemitério Jardim da Saudade.

 A filha da professora saiu da Austrália, onde faz intercâmbio, e deve chegar à capital baiana ainda na noite desta quarta-feira. O irmão de Morales, que mora no Rio de Janeiro, está em Salvador e acompanhou as investigações.

Rafael Chaves, que é médico, conta que a professora de antropologia estava em Itapuã para participar da “caminhada da lua”. “São 6 km de caminhada, com pausas para meditação. Ela ia encontrar os amigos”, conta. Anamaria Morales morava no bairro Rio Vermelho.

Prisões
Dois dos três suspeitos de participar do crime estão foragidos e a polícia acredita que tenham fugido para o interior da Bahia.

“Eles estão com [mandados de] prisão provisória decretada. Estamos sabendo que eles estão no interior, só não sabemos qual”, disse o delegado Antônio Carlos Magalhães na tarde desta quarta-feira (19). O delegado afirma que o rapaz não tinha passagens pela polícia e era amigo de infância dos dois homens que permanecem foragidos.

Investigação
Segundo informações do delegado, o rapaz contou que, no dia do crime, estava na praia com dois amigos quando eles resolveram roubar um carro. Na abordagem feita à vítima, no meio da rua, ela se negou a entregar os pertences e um dos homens atirou na cabeça da professora. O delegado afirma que o rapaz afirmou não ser o autor do disparo fatal. Ele aponta o comparsa conhecido como “Bu” como autor do tiro.

De acordo com o relato do suspeito à polícia, o carro da vítima seria vendido para os três conseguirem dinheiro. O delegado detalha que todos são moradores de uma localidade conhecida como “Conquista”, no bairro de Itapuã.

Crime
De acordo com a investigação policial, a professora tinha acabado de estacionar o carro ao lado de uma pizzaria. Ela já estava fora do veículo quando três homens armados anunciaram o assalto. Os dois primeiros tentaram roubar a bolsa da vítima, que teria se recusado a entregá-la. Ela foi empurrada e jogada no chão e, em seguida, o terceiro homem chegou por trás e deu um tiro na cabeça da professora, que morreu no local.

Com o disparo, a dupla teria fugido a pé do local do crime. Segundo a polícia, os supeitos do assassinato não levaram os pertences da vítima, que, além do carro, também estava com um celular, a chave de casa e R$ 80.

Nota de pesar 
A vítima era professora do curso de Serviço Social da Universidade Salvador (Unifacs). Em nota, a instituição lamentou a morte e informou que Anamaria Morales atuava era professora de antropologia desde agosto de 2013. “A Unifacs presta condolências a familiares e amigos enlutados pela irreparável perda”, afirmou. Anamaria Morales também já atuou como professora temporária na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Não há informações sobre data e local do enterro da vítima. (G1/Bahia)