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Pai se joga do alto de prédio abraçado ao filho em São Paulo

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Pai se joga do alto de prédio abraçado ao filho em São Paulo

Na manhã de segunda-feira, 29, o motoboy Carlos Ti On Martins Kon, de 41 anos, carregou o filho de 4 anos nos braços, ultrapassou uma fita de isolamento que o separava de um parapeito no 17º andar do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, e saltou.

Pai se joga do alto de prédio abraçado ao filho em São Paulo

A queda terminou com um barulho forte que ecoou pelo saguão, provocando gritaria e tumulto. Pai e filho morreram na hora. A tragédia, a segunda neste ano, encerrou as atividades do fórum mais cedo.

Para a polícia, o crime foi premeditado. Ontem, Kon não tinha nenhuma audiência marcada. Antes de sair de casa, na região de Vila Nova Galvão, limite entre a zona norte da capital e Guarulhos, na Grande São Paulo, o motoboy fez pelo menos duas ligações. Em uma delas, disse à mãe que levaria o filho, Bryan, para “dar uma volta”. Na outra, despediu-se de uma amiga e avisou que iria se matar.

A Polícia Civil suspeita que pai e filho foram de ônibus até o fórum. Para agradar a criança, Kon comprou balas e chocolate, e também a vestiu com uma jaqueta do Corinthians. Já o motoboy levava um pente de plástico, celular, isqueiro, cigarro, chaves e R$ 75 em dinheiro.

Com Bryan nos braços, o pai ainda parou no cartório do fórum e pediu caneta e papel. Mais tarde, o médico legista encontrou o ilhete que o motoboy escreveu. “Oi, problemas pessoais. Telefone do meu irmão, minha mãe/avó. Bryan filho. Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê.” O caso aconteceu por volta das 10h50, horário em que o fórum estava cheio, apesar de 70% das audiências serem feitas à tarde.

Na queda, Kon fraturou o braço direito e teve o esquerdo amputado. Bryan sofreu fratura craniana e perdeu massa encefálica. Os corpos caíram um do lado do outro. “Foi um alvoroço, correria, gritaria. Todo mundo ficou desesperado”, diz um vendedor, que estava do lado de fora do prédio. “Um colega de escritório contou que o barulho foi tão forte que parecia uma explosão”, diz o advogado trabalhista Bruno Adeline. Após o crime, as audiências foram imediatamente suspensas e o prédio, evacuado.

A Polícia Civil foi acionada às 11h30, e os portões do fórum passaram o resto do dia trancados por cadeados. Os bombeiros também foram chamados.

Desempregado
O motivo do suicídio e do assassinato do próprio filho ainda não está claro para os investigadores. Segundo depoimento de dois irmãos, Kon, que era o mais velho deles, não apresentava sinais de depressão, apesar de estar desempregado e de passar por problemas financeiros. De acordo com eles, a relação com o filho era afetiva.

Era Kon quem passava mais tempo com a criança, uma vez que a mãe trabalha. A relação do casal, no entanto, foi descrita como conturbada. Eles moravam juntos havia dez anos, mas, na prática, estariam separados. Só dividiam os custos do imóvel e da criação de Bryan, segundo a polícia. Sob efeito de remédios, a mãe não foi à delegacia. “Não sabemos se ele matou o filho por gostar muito dele ou para causar remorso na mãe”, diz a delegada Mônica Gamboa, plantonista do 23º Distrito Policial (Perdizes), responsável pelas investigações.

Além de Bryan, Kon tinha uma filha de 17 anos, fruto do seu primeiro casamento. A jovem passou a viver com tias após a morte da mãe, vítima de câncer. Segundo a família, ele nunca aceitou ter perdido a guarda da filha.

Segurança
Associações de servidores e magistrados cobram medidas de segurança após mais um caso de suicídio no fórum em 2016. O primeiro foi em março. Dois atos estão marcados para 10 horas e 13 horas. “Os juízes não vão realizar audiência”, diz Fábio Ribeiro da Roca, presidente da Associação dos Magistrados de Justiça do Trabalho da 2ª Região (AMATRA-2). Em nota, o TRT da 2.ª Região diz que fez intervenções. Entre as medidas está a proibição do acesso às rampas entre os blocos do fórum e madeiramento dos parapeitos dos andares.

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