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Seca prolongada eleva preço do feijão em até 300%
Na mesa do brasileiro, ele é considerado o rei.
Seja tropeiro, de caldo, misturado ao arroz num saboroso baião de dois, não importa a receita. O feijão é mesmo um dos pratos mais consumidos, diariamente, em todo o país. No entanto, nos últimos meses, sua presença nas dispensas tem se tornado um tanto escassa.
É que o preço dessa “estrela” tão popular aumentou tanto que alguns o têm comparado com ouro. Está certo que o feijão há muito vem “salgando” a cesta básica do trabalhador, mas ultimamente muitos até estão desistindo de levá-lo para casa. E a longa estiagem é apontada como culpada dessa “explosão” de carestia.
Esta semana, em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, Ana Georgina Dias, técnica do Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos (DIEESE), explicou que os longos períodos de seca que se arrastaram nos últimos três anos fizeram com que a produtividade das safras de feijão caísse drasticamente. “Além disso, por perceberem essa colheita pouco atrativa, muitos produtores migraram para outro tipo de cultura”, ponderou.
Em Itabuna, cidade castigada pela seca há mais de oito meses, o feijão também sofreu um aumento exorbitante. Em alguns estabelecimentos, o produto chega a custar até 300% mais caro. No bairro Conceição, por exemplo, o valor praticamente triplicou. Passou de R$ 4,00, R$ 5,00 para até R$ 12,36, em determinados supermercados.
“Este é um dos alimentos principais do baiano. É difícil ficar sem ele. Meus filhos falam que quando não comem feijão, não enchem a barriga. É muito triste ver os alimentos que compõem a cesta básica e não poder comprar. Ver nossos filhos ficarem privados disso, sendo que o salário não acompanha o aumento. Cada dia tenho que cortar um item novo da feira. Lamentável”, desabafou uma moradora, que preferiu não se identificar. Ela é separada, tem dois filhos adolescentes e trabalha como gerente comercial. A pequena família mora de aluguel.
“Casamento impossível”
Esse “assalto” no bolso do consumidor também está sendo sentido pela população do bairro Urbis IV, onde um quilo do feijão carioca chegar a custar R$ 11,90, em alguns lugares. Até uns meses atrás, o mesmo item custava menos de R$ 5,00. “Esse casamento – arroz e feijão – se tornou impossível. Agora é macarrão e arroz. Não dá mais para a gente comprar feijão para passar um mês. Se comprar o feijão, falta dinheiro para comprar as outras coisas”, admitiu a dona de casa Daniela Santos, ouvida pelo Diário Bahia. Na casa dela, apenas o marido trabalha para manter a família.
Para muitos, o jeito é pechinchar ou “juntar as moedas”, como fez uma família, dividida entre os bairros Jorge Amado e Nova Itabuna. Cinco irmãos se uniram e compraram os fardos de alimentos em um Atacadão. Depois, dividiram entre si os produtos e as despesas. A experiência, de acordo com um deles, Leandro Silva, serviu para que todos pudessem comprar os itens da cesta básica a preços mais baixos, uma vez que os preços a atacado costumam reduzir consideravelmente.
Se o feijão já era importante por suas propriedades nutritivas e receitas saborosas, agora ele ficou famoso pela sua “ostentação”. O alto preço do produto serviu de inspiração para muitos “memes” e caiu no gosto de milhares de internautas em todo o país.
Há até quem sugeriu dar, no Dia dos Namorados, neste domingo (12), um grão do feijão carioca em lugar de um anel valioso. Pode até faltar feijão na mesa do brasileiro, mas criatividade e diversão, nunca. “Fazer o quê, né? Temos que rir para não chorar”, afirma Daniela, bem humorada.
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