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Cage the Elephant vai tocar música inspirada em favela de SP no Lolla
Banda fez ‘Come a little closer’ ao ver ‘casas precárias’ no Brasil em 2012.
Irmão diz que lembrou infância pobre e será ‘emocionante’ tocar canção.
A música “Come a little closer”, single do disco mais recente do Cage the Elephant, atração do Lollapalooza 2014, foi inspirada em favelas de São Paulo. O vocalista Matt viu as “casinhas precárias” da janela do hotel em 2012, quando visitou a cidade para a primeira edição do festival no Brasil. O guitarrista Brad Shultz, irmão do cantor, diz ao G1 que será “emocionante” voltar à cidade e tocar a música que começou a ser feita na viagem anterior.
A banda de rock norte-americana, formada em 2006, faz um rock alternativo filhote do Nirvana, Pixies – outra atração do festival deste ano – e outros herois indies dos anos 80 e 90. O show no Lolla de 2011 foi marcado pelo “surfe” do cantor na plateia. Agora, tocam no dia 5 de abril – e prometem mais surfe.
Matt revelou a inspiração da música ao site “American songwriter”. Ele comparou a paisagem que viu da janela do hotel a um “formigueiro”. “Mas olhando de perto, há almas que circulam com o coração partido, com amor, sendindo tristeza e alegria”. “Então eu pensei no conceito de chegar um pouco mais perto [“come a little closer”, título da música, em inglês] para observar”. A faixa não cita as favelas diretamente. A letra diz: “Chegue mais perto, você vai ver / As coisas nem sempre são o que parecem”. Veja a letra e ouça “Come a little closer”.
Brad conta que a paisagem o fez lembrar da infância pobre da família em Kentucky, nos EUA. Depois da experiência, quer conhecer as favelas de SP na volta à cidade. “Não sei se podemos ir, não sei como funciona. Mas quero conhecer as pessoas de lá.”
G1 – Quais foram as suas impressões de SP? Conversou com seu irmão sobre a inspiração de ‘Come a little closer’?
Brad Shultz – Ele estava olhando a favela. Vendo aquelas casinhas precárias, de longe. E quanto mais pensava, mais o impactava. Há uma comunidade inteira lá. Nossa família cresceu muito pobre – acho que nada comparado às favelas. Mas vivíamos em um apartamento de um quarto, com quatro irmãos. Todos no lugar do tamanho de um escritório pequeno. Dava pra andar por nossas camas, ficavam lado a lado. Havia ratos e baratas por todo lado. Matt começou a pensar navida dessas pessoas na favela. E começou a pensar que de longe, na paisagem, parecia apenas uma área empobrecida. Mas na verdade, se você olhar de perto, há uma intrincada rede de famílias em todas as casinhas, e isso causou um forte impacto nele: o fez pensar na vida, e ele escreveu a canção sobre isso.
G1 – Por falar em observar de perto, o Dave Grohl assistiu ao show de vocês do canto do palco no Lolla, certo?
Brad Shultz – Sim. Ele se tornou um bom amigo. No começo da turnê nos EUA nosso baterista teve um problema de saúde. Pensamos que teríamos que abandonar a turnê. E estávamos muito preocupados. Dave chegou para nós e disse: “Vocês querem que eu toque?” Ele nem precisava perguntar! (risos)…. Ele pode fazer o que quiser. Acabou tocando três ou quatro shows nos EUA, incrível.
G1 – O show em SP foi sob sol muito quente, e mesmo assim a banda estava muito agitada, o Matt não parava quieto. De onde vem esse ânimo?
Brad Shultz – Estávamos muito confortáveis na América do Sul, pois vimos a paixão das pessoas pela música e nos identificamos com isso. Não tocamos como um trabalho ou pelo dinheiro, e sim porque amamos. Colocamos nossos corações em toda canção que compomos e em tudo que fazemos, incluindo shows. Sempre que submios ao palco queremos nos conectar com as pessoas. Queremos que seja uma coisa comunitária. Não quero ir para o palco sem emoção. Quero sentir, quero algo que eu possa lembrar.
G1 – Seu irmão parece ter ganhado a atenção do público com o ‘crowdsurf’. Qual vai ser a estratégia dessa vez?
Brad Shultz – (Risos) Ele gosta mesmo de ‘crowdsurfing’. Então, tenho certeza que vocês vão vê-lo surfando mais algumas vezes na plateia de novo.
G1 – Como mudaram em dois anos?
Brad Shultz – Em 2012, estávamos terminando a turnê. Tocamos por quatro anos sem pausa. O Brasil foi um dos últimos shows. Tiramos um ano e meio de folga. Fomos viver nossas vidas por um instante. Não houve briga, só precisávamos de folga. Pudemos escrever músicas individualmente de novo. No começo foi difícil juntar ideias criadas separadamente. Mas depois criamos um som único, diferente do que tínhamos no passado. Pudemos nos aproveitar disso, pois não queremos nos repetir como compositores. (G1)
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