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Sem divisão de espaço, trânsito no Brasil segue à “tolerância zero”
Na semana passada, um vídeo gravado na cidade de São Paulo circulou pela internet com milhares de visualizações por parte de brasileiros.
As imagens deram uma triste mostra da convivência agressiva e, por vezes, até vândala entre motocicletas e motoristas de carros no trânsito brasileiro.
As imagens flagram a disputa entre um motorista de carro de passeio, que derrubou uma moto em plena Marginal Pinheiros, uma das vias mais importantes de São Paulo, e motociclistas que testemunharam a primeira ocorrência e decidiram reagir de modo imediata e impensado. Após fecharem o veículo, fizeram com que o motorista, acuado, tentasse fugir usando o “corredor” entre as duas faixas da esquerda. Sim: carros e motos protagonizaram um perseguição no apertado espaço deixado pelo demais, em meio ao trânsito parado. Durante a perseguição insana, o motorista do carro colidiu com outros veículos até não ter mais para onde ir e ser cercado pelos motociclistas.
A gravação termina como uma verdadeira praça de guerra: agressões físicas e até “capacetadas” no automóvel. Comentários de internautas sobre o caso confirmam o clima de “tolerância zero”: enquanto alguns disseram que o dono do up! “teve o que mereceu”, outros criticaram a “reação imbecil” do grupo de motoboys. Pouca gente aceitou que a culpa, na verdade, é de todos nós. Ao esquecer que todos na rua contribuem para o caos ou para a harmonia do trânsito, nos eximimos de responsabilidade quando a situação sai do controle.
Todos somos responsáveis
É inegável o enorme estresse que o carregado tráfego de São Paulo provoca na população. Pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas são, ao mesmo tempo, agentes e vítimas da grande “panela de pressão” em que se transformaram as ruas e avenidas da maior cidade do país. Como não há válvula de escape, as pessoas acabam se agredindo por qualquer bobagem. Uma simples fechada vira motivo para um olhar intimidador, xingamentos e gestos obscenos e até mesmo agressões físicas e crimes como atropelamentos e assassinatos.
O que fazer para frear essa discórdia? Para este colunista, só há duas soluções: a primeira delas é reeducar a ação das pessoas no trânsito, fazendo prevalecer o bom senso. Os mais velhos certamente lembrarão de uma campanha, lançada pelo Ministério da Saúde no início dos anos de 1970, que incentivava a conservação e limpeza de espaços públicos. Nela, um personagem chamado Sujismundo jogava lixo no chão e era imediatamente reprimido pelo narrador.
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