Ariano Suassuna participa hoje da abertura de projeto sobre sua trajetória

Ariano Suassuna será homenageado no projeto Arte como Missão, que começa hoje com palestra do escritor no Teatro Castro Alves. O evento gratuito segue na Caixa Cultural, com exposição fotográfica e mostra de filmes.

Ariano Suassuna dará aula-espetáculo hoje, em que falará sobre arte, mercado e identidade cultural. O projeto que chega a Salvador já passou por Brasília, Fortaleza, Rio e Recife (Foto: Alexandre Nóbrega)

Aula-show, não! O que o escritor Ariano Suassuna vai apresentar hoje à noite no Teatro Castro Alves, às 20h, é uma ‘aula-espetáculo’, em português bem claro, como ele mesmo faz questão.

Conhecido por obras como Auto da Compadecida e Romance da Pedra do Reino, Suassuna jamais admitiria o uso de um anglicismo em um evento do qual faz parte, pois é também um grande defensor da cultura nacional.

“Não sou contra nenhuma cultura, mas acho importante valorizar a nossa, o nosso Brasil, nossos índios, nossas descobertas, nossa cultura popular. Com isso, só nos fortalecemos”, disse  numa palestra em Poços de Caldas (MG), no ano passado.

A apresentação de hoje integra o projeto Ariano Suassuna – Arte Como Missão. A programação inclui, na Caixa Cultural , na Rua Carlos Gomes, a exposição fotográfica O Decifrador, de sexta-feira até o dia 26, e uma mostra de filmes relacionados à obra do autor, que estará em cartaz nos dias 22 e 23.

Cultura
Aos 87 anos, Suassuna demonstra, em suas apresentações, um vigor impressionante, como destaca o paulista Marcos Azevedo, que coordena o projeto junto com o também paulista Elias Sabbag: “Ele tem uma capacidade enorme de se comunicar, sem esnobismo nem afetação, e é muito divertido. A prova disso é que em Fortaleza muita gente não pôde entrar e tivemos que colocar um telão do lado de fora”. O projeto passou também por Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

A aula, apesar de estar submetida a um tema – arte, mercado e identidade cultural -, costuma passar por modificações de cidade para cidade. “Como estamos falando de um homem muito culto, é natural que ele fale com propriedade tanto sobre a cultura popular do Nordeste como também da literatura clássica, de Cervantes ou de Dostoiévski. O que posso garantir é que, acima de tudo, é uma aula de cultura”, ressalta Azevedo.

Intimidade
A exposição fotográfica O Decifrador revela  momentos de intimidade do escritor, em situações cotidianas registradas por Alexandre Nóbrega, que, além de assessor, é genro de Suassuna.

O ensaio, que vem sendo realizado há aproximadamente dez  anos, mostra, por exemplo, o escritor passeando na fazenda com suas cabras ou deitado num saguão de um aeroporto enquanto lê um livro. “Ele tem o hábito de deitar no chão do aeroporto. Já fez isso muitas vezes. Só estava descansando um pouco”, comentou Nóbrega ao jornal O Estado de S. Paulo quando a imagem ganhou repercussão na internet. As fotos, coloridas e com até 1,5 m de largura, foram feitas para um livro que leva o mesmo nome da mostra e foi lançado no ano passado.

O terceiro evento ligado ao projeto é o ciclo de filmes, que terá nove títulos, entre produções para cinema e para a televisão. Além de adaptações baseadas na obra de Suassuna, a programação inclui filmes cujos temas interessam ao escritor.

Uma das atrações da mostra é o documentário Princesa do Sertão, sobre a Revolta de Princesa, acontecimento político que marcou a Paraíba, onde o escritor nasceu.

O longa-metragem 
O Auto da Compadecida, baseado na obra mais popular de Suassuna, escrita originalmente para o teatro, foi exibido em 2000 e levou mais de 2 milhões de espectadores aos cinemas. O filme tem também elementos de outras criações de Suassuana, como O Santo e a Porca e Torturas de Um Coração.

Com direção de Guel Arraes, O Auto da Compadecida é uma versão compacta da minissérie exibida na Globo com Matheus Nachtergaele e Selton Mello. (Bahia Notícias)