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Países vão trazer seus próprios agentes para a Copa no Brasil

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Em meio ao aparato de segurança das Forças Armadas e das polícias Militar, Civil e Federal que estarão em Salvador para a Copa do Mundo, também haverá gringos em serviço.

Polícia portuguesa terá seis agentes em Salvador (Foto: Reprodução)

Polícia portuguesa terá seis agentes em Salvador (Foto: Reprodução)

Todos os países que  disputarão jogos na capital baiana vão trazer policiais para fazer a segurança de seus torcedores e dar apoio ao policiamento local.

Alemanha, França, Holanda, Espanha, Portugal, Suíça, Bósnia e Irã terão, cada um, em média, sete agentes de seus países em solo brasileiro. De acordo com a Polícia Federal (PF), dois desses representantes ficarão fixos em Brasília, no Centro Nacional de Cooperação Internacional, montado pela PF e vinculado à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Os demais vão às ruas e aos estádios de cada cidade-sede para acompanhar seus torcedores nos dias em que as suas respectivas seleções entrarem em campo.

Para a fácil identificação pelos cidadãos de seus países, os policiais vão estar vestidos com suas próprias fardas. Todos serão o tempo inteiro acompanhados por policiais federais brasileiros que falam pelo menos inglês.

“A ideia é proporcionar o intercâmbio de informações entre nós e as polícias estrangeiras. Exemplo: se a polícia da Argentina souber que um grupo de torcedores violentos, os barras-bravas, estão vindo para Salvador, eles são o melhor canal de informação”, afirma Fernando Berbert, delegado da PF e coordenador regional para grandes eventos.

“A mesma coisa com a Alemanha e a Inglaterra. Se por acaso, grupos de hooligans estiverem se reunindo, identificados por determinados tipos de comportamento, nós ficamos sabendo e podemos agir. Atualmente, além dos hooligans, existem na Europa os chamados ‘ultras’, ainda mais radicais”, observa o delegado.

Prevenção
A presença dos policiais gringos também pretende combater manifestações de intolerância religiosas, políticas e racistas por parte dos estrangeiros. “Imagine que pode existir um grupo iraniano com cartazes de mensagens radicais contra outros grupos. Ninguém melhor para identificar esse tipo de situação que os policiais deles. Como eles vão estar o tempo inteiro ao lado de um policial da nossa inteligência, qualquer informação de suposta crise ou ameaça vai circular facilmente”, explica Adriana Tapioca, assessora especial da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa (Secopa) e interlocutora para assuntos de segurança pública.

Credenciados pela Fifa, os policiais poderão circular por onde desejar, inclusive dentro das arenas, e também terão assento no Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), localizado no Parque Tecnológico, na Paralela. “Poderão ficar na entrada do estádio, onde fica o raio-X, no ponto de verificação de veículos, no CICCR e no Centro de Comando e Controle Interno, dentro da Arena”, explica Adriana.

A presença dos estrangeiros também visa tranquilizar os visitantes. “É uma dupla função. Se um estrangeiro também sofrer algum incidente, ele vai se sentir mais seguro em ver um policial do seu país no local”, acredita Adriana, que participou de dezenas de reuniões com as polícias, Forças Armadas e consulados para alinhar a atuação.

Prática
A entrada de forças de segurança de outros países no Brasil é vista com naturalidade. Na verdade, é uma prática em grandes eventos. “É comum em eventos deste porte no mundo inteiro. Países-sede convidam representantes das polícias participantes para representar tanto suas delegações quanto seus nacionais”, afirma o delegado da PF. Os representantes das polícias também darão eventual apoio às delegações. Mas só se for necessário, já que isso é  função da polícia brasileira.

O principal objetivo deles não é com as seleções. Mas de dar apoio aos torcedores que estarão aqui, facilitando a atuação da polícia local. Além dos policiais brasileiros que falam inglês, a maioria dos estrangeiros também fala português. “As línguas diplomáticas da Interpol são inglês, espanhol e francês, mas normalmente os enviados aos países-sede falam a língua local. Eventualmente há um país que não o faça, por isso todos os nossos falam inglês”, diz Adriana. Assim, os gringos completam o time da segurança.

Forças Armadas vão ‘envelopar’ capital baiana

Os mais de 2,3 mil homens das Forças Armadas que vão atuar em Salvador durante a Copa serão coordenados pela Marinha (2º Distrito Naval), à frente da Coordenação de Defesa de Área. Em momentos determinados, a cidade será “envelopada”. “Em alguns momentos, nenhuma aeronave comercial poderá usar nosso espaço aéreo e toda embarcação deve ser inspecionada. O Exército protege as fronteiras. É o envelopamento”, explica Adriana Tapioca, interlocutora da Secopa para a segurança.

As Forças Armadas não vão patrulhar ruas. Irão cuidar, sim, da infraestrutura crítica que pode impactar diretamente no evento, como aeroporto e usinas de energia e água. São também força de contingência, ou seja, podem dar apoio à segurança pública se necessário. “Não estão aqui para isso e só fazem se houver um decreto da Presidência da República”. Entram em ação também em caso de QBRN, ou seja, com risco de armas químicas, bacteriológicas, radiológicas e nucleares.

Consulados alertam até sobre ‘boa noite cinderela’

Os consulados locais dos países que vão enviar à Bahia um número considerável de visitantes alertam seus cidadãos sobre a segurança. Cientes da violência que assola o Brasil, inclusive Salvador, as embaixadas fazem recomendações diversas, algumas delas em formato de cartilhas impressas e online. Os materiais, na verdade, trazem informações bastante diversas. Mas, entre as dicas turísticas, de saúde e comportamento, há as recomendações sobre como cuidar da integridade física.

O Consulado espanhol vai distribuir material que dá alerta sobre os perigos de andar sozinho em lugares ermos. “Tome todas as preocupações para evitar roubo e incidentes. Se recomenda evitar andar sozinho por locais escuros. Evite objetos de valor como joias, relógios e câmeras”.

O texto chega a alertar sobre o famoso “boa noite cinderela”. “Não aceite bebidas de estranhos e não perca de vista a sua bebida”, reza a cartilha. “Mas essas são recomendações de praxe. Sabemos que isso existe em qualquer país. O Brasil é um país continental, com problemas continentais. Você pode ser assaltado em qualquer lugar no mundo”, diz o vice-cônsul da Espanha na Bahia, Juan Manuel Caserza.

O cônsul de Portugal, José Manuel Lomba, aconselha: “As pessoas não podem chegar aqui e achar que podem entrar em qualquer lugar. Turistas atraem marginais. Basta evitar zonas afastadas e procurar não andar com valores”. Um folheto informativo também será distribuído aos visitantes logo na saída de Portugal e na chegada ao Brasil.

Os conselhos alemães usam do bom senso. “As recomendações que a gente sempre dá são as seguintes: faça como os brasileiros corretos, observem como se comportam as pessoas daqui, seja gentil, educado, não perca a paciência e não ande por locais abandonados”, diz a cônsul da Alemanha, Petra Schaeber, que aponta uma diminuição no número de visitantes da Alemanha por conta da violência e até das manifestações.

“Esses acontecimentos influenciam muito a imagem do Brasil na Alemanha. Nossa impressão é que teve muita desistência. Mas os que virão não vão se arrepender”, acredita. Recentemente, consulados cariocas também produziram cartilhas, mas essas chegam a citar locais que não devem ser frequentados, como favelas e a própria Lapa. “Não vou ficar indicando onde as pessoas não devem ir. Prefiro dizer onde elas devem ir. O que não falta aqui é lugar bom para frequentar”, opina o cônsul da Espanha.

França
Police Nationale
A chamada Polícia Nacional é uma corporação civil que terá seis policiais franceses em Salvador, dos quais três ficarão nos centros de controle e quatro vão acompanhar torcedores nos jogos

Holanda
Exclusiva para grandes eventos
Serão seis agentes em Salvador. O chefe da polícia holandesa ficará no Centro de Controle, na Paralela; um policial ficará em Brasília e outros cinco pelas ruas

Portugal
Polícia de Segurança Pública
A polícia portuguesa terá seis agentes em Salvador. “Não é para controlar torcedores. Isso é função da polícia brasileira”, diz cônsul José Manuel Lomba

Alemanha
Nome não informado
O mais misterioso. Não informou quantos homens viriam ao Brasil. “Essas questões são muito delicadas”, esquivou-se a cônsul da Alemanha, Petra Schaeber

Suíça
Kantonspolizei
É a força de segurança não militarizada. “Sempre há problemas com torcedores mais agitados”, diz o ministro da Embaixada, Jean-Pierre Reymond

Espanha
Cuerpo Nacional de Policía
É uma instituição civil subordinada ao Ministério do Interior. O país vai enviar sete homens para ajudar na segurança durante o jogo contra a Holanda, dia 13. Tudo para proteger seus cidadãos e, se for o caso, coibir excessos. “Nossos homens vão ajudar torcedores a se localizar e ficar de olho nos delinquentes dos dois lados”, afirmou o vice-cônsul da Espanha na Bahia, Juan Manuel Caserza. Todos os policiais espanhóis falam português. (Correio da Bahia)

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