DE OLHO NO ESPORTE
“Missão cumprida”, diz Felipe Wu ao faturar a prata na Rio-16
O primeiro tiro da última série de Felipe Wu garantiria a medalha de ouro na pistola de ar 10m.
Atrás do vietnamita Xuan Vinh Hoang desde a quarta série, o atirador brasileiro arrancou 10.2 pontos naquela rodada, enquanto o adversário fez 9.2 pontos.
Os dois finalistas foram para a linha de tiro para o disparo decisivo sabendo que Wu estava a ponto de fazer história: 96 anos depois do título olímpico de Guilherme Paraense – cujo nome batiza o centro olímpico de tiro esportivo no Rio –, nos Jogos da Antuérpia, em 1920, um brasileiro poderia voltar a ser campeão no tiro esportivo.
“A minha tática é atirar um pouco mais rápido no final porque sei que não só aqui, com esta torcida gigante, mas também em outros eventos, sempre acontece uma reação da torcida. Então eu atirei e a torcida fez o papel dela. Eu sabia que tudo podia acontecer: tanto ele fazer um tiro bom quanto um ruim. Na etapa de Bangcoc, fiz a mesma coisa e o americano fez um tiro ruim por causa do barulho da torcida”, conta Wu, que cravou 10.1 pontos em seu tiro final.
Durante os poucos segundos que separaram a aferição da marca de Wu para o momento que a nota de Hoang foi confirmada, o barulho da torcida foi realmente ensurdecedor. O estande lotado explodiu em vaias e gritos para impedir Hoang de tirar a diferença de dois décimos. Mas o sangue frio do rival prevaleceu: com um 10.7 no último tiro, o vietnamita chegou aos 202.5 pontos e eliminou qualquer possibilidade de ouro para Wu, que terminou com 202.1 pontos. Mas a medalha de prata, a que inaugurou a contagem de medalhas dos anfitriões dos Jogos Olímpicos, veio com a sensação de dever cumprido.
“Ele atirou muito bem e dei parabéns para ele, porque o resultado foi excepcional. Desde que percebi que ficaria entre os três primeiros, fiquei muito tranquilo. Sentia que a minha missão estava mais do que completa e o que viesse era lucro”. Depois de avançar como sétimo e penúltimo colocado na fase classificatória, superando um começo instável, Felipe Wu chegou para a final empurrado pelo público que lotou o estande de tiro. Seu sobrenome virou um grito de guerra que o levou até o pódio. E o reconhecimento da grandeza do feito do paulista de 24 anos veio quando os espectadores brasileiros entoaram o hino nacional para o segundo colocado.
“Todo mundo sabe que o tiro esportivo é um esporte que não é muito conhecido e das dificuldades que tivemos para chegar a esta medalha. É uma grande vitória e a torcida fez um gesto bonito para mim”, elogia. “Eu sempre digo que, no momento de atirar, sou eu, a arma e o alvo e nada pode me atrapalhar. Mas na maior parte do tempo a vibração deles me passou uma energia muito boa. Sempre que eu abaixava a cabeça, ouvia o barulho deles e me sentia muito bem”.
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