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ENSAIOS E ENTRETENIMENTO

Campeã de cosplay mostra fantasias ao G1: ‘minha mãe não reconheceu’

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São dez pares de lentes de contato, pelo menos quinze perucas, soprador térmico, plástico termomoldável, tintas e mais tintas, papel, madeira, “sangue de teatro” e muito mais.4144215

Este é um pouco do acervo da baiana Iaina Estrela, representante do estado na final do Yamato Cosplay Cup Brazil (YCC), que será realizada em São Paulo no mês de julho. A jovem de 25 anos, que já venceu a competição em 2012 e foi 3º lugar na versão internacional do concurso em 2013, “abriu a garagem” onde cria suas fantasias e detalhou ao G1 todo o seu processo de produção.

“Tenho lente azul, verde, vermelha toda branca, daquelas que aumenta o tamanho do olho para ficar com olho de boneca. Uso maquiagem comum, de teatro, compro ‘sangue de teatro’, que vende em um potinho. Uso também muito Eva, que é um tipo de espuma, papel machê, madeira, espuma comum. O que não tiver a gente inventa”, brincou.

Depois de tanto trabalho, Iaina “incorpora” os personagens nas competições. Ela concorre na categoria que avalia roupa e interpretação. “Mudo completamente. Minha mãe já não me reconheceu. Chegou ao ponto de ela ver fotos minhas e dizer: ‘Que menina bonitinha’ e eu dizer a ela que sou eu”, recorda sorrindo.

Desde 2005, quando começou a montar as roupas inspiradas em personagens de filmes, jogos ou desenhos animados, Iaina já produziu 28 fantasias e conquistou prêmios nacionais em dupla e individual. As fantasias variam das mais simples às mais elaboradas, que podem exigir duas horas de maquiagem e até seis meses de produção.

“Sempre escolho o cosplay pela personalidade. Gosto de personagens que posso explorar comportamento, expressões, estética, com bastante contraste, com desafios de construção. Gosto muito de personagens com problemas mentais, insanos e loucos”, confessou aos risos Iaina, que é formada em design gráfico.

Para o primeiro cosplay, Iaina aconselha aos fãs da brincadeira escolher o personagem preferido e não ter medo de errar. “Deve achar um personagem que goste, que te empolgue. Depois imprimir todas as imagens de referência que tiver e começar a listar o que precisa fazer: costura, maquiagem, o que precisa comprar. Depois de tudo listado, é só pegar o primeiro item e começar”, ensina.

“Na época do meu primeiro cosplay, em 2005, não tinha muito recurso de lojas em Salvador. Depois comecei a importar coisas da internet, de lojas internacionais. Meu primeiro cosplay é muito simples, tem muitos defeitos. Mas foi válido, divertido, valeu para continuar o hobby”, acrescenta. Como alguns itens chegam a ser importados, os custos por fantasia podem ultrapassar R$ 1 mil.

Entre as roupas criadas por Iaina estão Mad Moxxi, do game Borderlands; Bellatrix Lestrange, do filme Harry Potter, e que rendeu a ela o prêmio no Yamato Cosplay Cup Brazil em 2012; Demon Hunter, do game Diablo III, e com a qual foi terceiro lugar na versão internacional da competição; Lina Inverse, do anime Slayers; Beetlejuice, do filme “Os Fantasmas se Divertem”; e Lara Croft, do game e filme Tomb Raider.

“Para roupa de Lara Croft [personagem do game e filme Tomb Raider] foram dois meses garimpando lojas de usados para conseguir todas as peças. Ela é um personagem que passa por muitos acidentes, então as roupas têm que ser descascadas, furadas, com marca de tempo. Fiz algumas modificações de alça, presilha, customização de desgaste e o arco eu realmente arranquei de uma árvore. Uma roupa que fiz em dois meses, com bastante paciência”, recorda a designer, que faz, em média, duas ou três fantasias por ano.

Na falta de alguma habilidade, Iaina recorre aos tutorias disponíveis na internet e, claro, aos amigos. “Muitas vezes peço ajuda para partes que não compreendo muito bem: coisas de engenharia, coisas de elétrica. Parte de costura peço também. Tudo que eu puder fazer eu faço. Também sempre aprendo no meio do caminho”, diz.

O amigo Pedro Bourscheid cede a garagem de casa para Iaina criar seus personagens. “Ela enche meu saco para fazer um para mim, mas o máximo que faço é ajudar a construir o dela. Tenho prazer de ajudar porque é uma coisa que me agrada. Ela é uma pessoa extremamente delicada, faz isso para competir. E tudo que uma pessoa faz com dedicação me agrada ver. Gosto dessa coisa, que não deixa de ser arte”, elogiou

Mesmo não contabilizando os gastos que tem com as fantasias para não ficar triste, como ela mesma diz, e com todas as horas de dedicação destinadas a cada personagem, Iaina afirma que está satisfeita e que todo o trabalho não deixa de ser prazeroso. “É um hobby. É meu momento de relaxamento, de desestressar, fonte de conhecer amigos. Conheci pessoas do mundo todo fazendo cosplay. Por mais estressante que seja uma competição, fazer tudo antes do evento, a diversão é garantida”. (G1)

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