
Duas represas se romperam após uma forte chuva atingir a zona rural de Santa Helena de Goiás, no sudoeste goiano, na quarta-feira (2). A força da água causou estragos ao meio ambiente, em fazendas vizinhas e a morte de cerca de 7 toneladas de peixe. Os responsáveis pelas barragens ainda não foram identificados.
Uma das propriedades rurais atingidas é a de Geneir Soares, que possui um emprego noturno e decidiu investir em um pesque-pague em busca de melhor qualidade de vida. Ao ir para a fazenda na manhã de quarta-feira, ele encontrou os tanques tomados por lama. Ele salvou apenas 60 kg das quatro toneladas que tinha no local.
“Os peixes que eu tinha era uma média de R$ 40 mil, que eu comprei né. Se no caso eu fosse vendê-los hoje, ia dar mais”, lamenta Soares.
Outra chácara atingida pela lama pertence ao produtor rural Genemar Soares. No local, segundo o fazendeiro, quase três toneladas de peixes morreram por causa da água suja.
“O prejuízo foi de uns três mil quilos quase. Aí tem as minhas criações que estão sem água. A gente fica correndo o dia inteiro para não deixar morrer o resto que tem”, lamenta Genemar.
Os bombeiros fizeram uma vistoria nas barragens. Eles constataram que outras duas represas ficaram comprometidas na região após a chuva, que atingiu o volume de 160 milímetros.
O relatório do Corpo de Bombeiros sobre os prejuízos e os danos ambientais será enviado ao Ministério Público de Goiás, à Defesa Civil e para a Prefeitura de Santa Helena de Goiás.

Licença ambiental
Como os responsáveis pelas barragens que romperam ainda não foram encontrados, a prefeitura não sabe se eles retiraram licença ambiental para a construção das represas.
“Vamos dar entrada na Secima [Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos], que é o órgão estadual que tem autonomia para fazer essa fiscalização. Eles precisam identificar o que foi que aconteceu”, disse o secretário de Meio Ambiente de Santa Helena de Goiás, Nicodemos Camilo Ferreira.
A Secima explicou que, para a construção de represas de até 20 hectares, a licença pode ser dada pelo município, desde que tenha estrutura e autorização do Conselho Estadual de Meio Ambiente. O que não é o caso de Santa Helena de Goiás.

Há 10 dias, uma represa às margens da GO-070 se rompeu e abriu uma cratera na pista, interditando o trecho entre Itaberaí e Itauçu. Imagens registraram o momento em que a água encobriu a rodovia e abriu um buraco na barragem, levando parte da terra e também do asfalto.
Represas clandestinas
Após o acidente na GO-070, investigação feita pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) aponta que 90% das barragens são clandestinas em Goiás. A Secima informou que não tem um levantamento de quantas represas existem no estado.
De acordo com a polícia, o risco de acidentes é grande em parte delas, até porque muitas represas clandestinas ficam perto uma da outra e, com o desmatamento, podem sofrer erosões e rompimentos em série.
“Então nós sugerimos que os empreendedores procurem técnicos qualificados, honestos, e regularizem a situação dessas represas junto aos órgãos ambientais. Nós temos que eliminar a possibilidade de novos acidentes, inclusive com tragédias”, declarou o delegado Luziano Severino de Carvalho.

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