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Participantes da Parada Gay pedem maior politização do evento

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Tema da edição deste ano pediu a criminalização da homofobia.
Depois da parada, público acompanhou shows na Praça da República.

Participantes vão à 18ª edição da Parada LGBT, que acontece na Av. Paulista. (Foto: Caio Kenji/G1)

Participantes vão à 18ª edição da Parada LGBT, que acontece na Av. Paulista. (Foto: Caio Kenji/G1)

A 18ª Parada do Orgulho LGBT, realizada neste domingo (4) em São Paulo, uniu casais héteros e homossexuais na luta pela criminalização da homofobia e da transfobia, o tema da edição deste ano. Os casais dos mais variados gêneros pediam uma maior politização do evento e um maior engajamento dos participantes.

O desfile de trios elétricos da parada terminou no início da noite, na Praça da República, no Centro de São Paulo. Em seguida, os participantes começaram a se concentrar na praça para acompanhar o show da cantora Wanessa Camargo. Pedro Lima, bigode grosso, finalista do The Voice, subiu ao palco, às 19h, para a apresentação de abertura. A Parada Gay teve início ao meio-dia, com a concentração na altura do Masp, na Avenida Paulista.

Wanessa Carmargo iniciou o show dela por volta das 20h30 e deixou o palco às 21h35. Pouco depois, ela retornou, com a barriga à mostra e os dizeres “Somos Todos Iguais” para o bis final.

Entre os casais que participaram da parada deste ano, estavam o bancário João e o cabeleireiro Roberto, juntos há 13 anos. O casal frequenta a Parada desde então. “A parada é importante, mas nos últimos anos se desvirtuou um pouco”, afirmou João. “Não queremos só ver a bagunça, mas também a luta pelos nossos direitos”, completou.

Os dois afirmam até hoje nunca ter sofrido preconceito. “Eu e o Roberto somos privilegiados. Só sabemos o que é homofobia pela televisão”, disse João.

Parada gay (Foto: Caio Kenji/G1)

A situação é outra para as drag queens Alicia e Natasha, que afirmam viverem um cotidiano de ofensas desde a escola. “Hoje, eu curso biomedicina e, mesmo assim, sofro bullying de alguns colegas”, conta Natasha, que trabalha com compras. “O evento não dá conta de toda a realidade de um homossexual. Nós viemos para lutar pelos nossos direitos”, explicou a atendente de telemarketing Alicia. As duas namoram há um ano.

A drag Natany, amiga do casal e que é esteticista, concorda. “Ser gay não é apenas alegria, essa bagunça. E também não é só promiscuidade, como muita gente pensa. Nós estamos aqui para mostrar que existimos e que queremos nossos direitos”, declarou.

Participantes a caminho da 18ª Parada Gay.
(Foto: Caio Kenji/G1)

Para o produtor de cinema Leon Cunha, a Parada Gay “é a maior manifestação em defesa do amor, do respeito e da existência do diferente”. Não é a primeira vez que ele e a mulher, a jornalista Luciana Araújo, vão ao evento, com a filha, Maria Helena, de apenas dois anos. “A primeira parada dela foi ainda na barriga da mãe”, brinca ele, que afirma estar envolvido na produção de um documentário sobre a história da Parada LGBT

Pela primeira vez no evento, o técnico de TI Anderson preferiu se vestir de palhaço. “Eu coloquei essa roupa e essa maquiagem para chamar a atenção e dizer à sociedade que nós, gays, também existimos.” Ele estava acompanhado do namorado, Anderson, que frequenta a parada desde 2008.

Essa também não foi a primeira Parada LGBT da empresária Laura, que revelou ter perdido um irmão com HIV e que tem outro, homossexual, que mora fora de São Paulo. “Na minha família, nunca houve espaço para o preconceito”, diz ela, que trouxe a amiga Vera para assistir ao desfile. Ela vibrava a cada passagem de um trio elétrico. “Estou me divertindo muito. Com certeza, essa é a primeira vez de muitas outras que virei. Pretendo voltar todos os anos”, disse.

Furtos de celulares
Até as 21h40 deste domingo, a Polícia Militar ainda não havia anunciado uma estimativa oficial do número de participantes da Parada Gay. Durante o evento, a PM relatou três ocorrências, sendo uma por furto, outra por porte de drogas e uma terceira, que seria a apreensão de objetos contundentes com um grupo de punks menores de idade.

Algumas pessoas, no entanto, relataram ao G1 que tiveram seus aparelhos celulares furtados durante a Parada Gay e também durante o show de encerramento. “Colocaram a mão no meu bolso e pegaram. Pediram para eu entregar o relógio também”, disse Júnior Barbosa Ferreira, de 39 anos. O estudante Maurício de Souza, de 17 anos, também afirmou que seu celular foi furtado. “Estava filmando, fui guardar no bolso. Quando coloquei a mão de novo nao estava mais lá”, afirmou.

A organização da Parada Gay deverá convocar uma coletiva de imprensa durante a semana para divulgar um balanço sobre a edição deste ano do evento. (G1)

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