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Rei Juan Carlos da Espanha abdica em favor de seu filho

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O rei Juan Carlos I da Espanha decidiu abdicar em favor do filho, o príncipe Felipe de Borbón, anunciou nesta segunda-feira (2) o chefe de Governo espanhol Mariano Rajoy.

O rei Juan Carlos da Espanha assina sua abdicação no Palácio Zarzuela nesta segunda-feira (2). Ele deixou o cargo após quase 40 anos em favor de seu filho, o príncipe Felipe (Foto: Spanish Royal House/Reuters)

O rei Juan Carlos da Espanha assina sua abdicação no Palácio Zarzuela nesta segunda-feira (2). Ele deixou o cargo após quase 40 anos em favor de seu filho, o príncipe Felipe (Foto: Spanish Royal House/Reuters)

O monarca mostrou “sua vontade de renunciar ao trono e abrir o processo sucessório”, disse Rajoy em uma declaração institucional.

Em discurso à nação, Juan Carlos, de 76 anos, disse que decidiu abdicar em favor do filho, o príncipe Felipe de Borbón, para que se possa “abrir uma nova etapa de esperança na qual se combinem a experiência adquirida e o impulso de uma nova geração.”

“Decidi colocar fim ao meu reinado e abdicar da coroa da Espanha”, afirmou o monarca, ressaltando “um impulso de renovação, de superação, de corrigir erros”, pelo qual “hoje uma geração mais jovem merece passar à primeira fila”.

O monarca também afirmou que pensou em deixar o cargo em seu aniversário de 76 anos, e que ao olhar para trás, pode “apenas sentir orgulho e gratidão” em relação aos espanhóis.

Uma fonte do palácio real informou à agência Reuters que os motivos da abdicação são políticos, e não de saúde. “É uma decisão política. Ele está abdicando devido aos novos desafios na Espanha, porque ele acredita que é necessário dar espaço para a nova geração”, afirmou a fonte.

O rei da Espanha chegou ao trono em 22 de novembro de 1975, apenas dois dias depois da morte do ditador Francisco Franco, que o havia nomeado seu sucessor.

Muito popular, especialmente após a oposição a uma tentativa de golpe de Estado em 23 de fevereiro de 1981, a aceitação do monarca entre os espanhóis caiu nos últimos anos após uma série de escândalos.

Seu filho, Felipe de Bourbon, de 46 anos, se tornou Príncipe das Astúrias, título do herdeiro da Coroa espanhola, em janeiro de 1977.

Papel histórico
O presidente do governo lembrou o papel do rei na transição democrática na década de 1970, após a ditadura de Francisco Franco e disse que ele “foi um defensor infatigável” dos interesses da Espanha.

“O rei deixa uma impagável dívida de gratidão a todos os espanhóis”, afirmou Rajoy em seu pronunciamento no Palácio da Moncloa, sede do Executivo.

Rajoy prestou homenagem ao rei ao afirmar que “renuncia ao trono uma figura histórica tão estreitamente vinculada à democracia espanhola que não é possível entender uma sem a outra”.

Rajoy acrescentou que convocou para esta terça-feira (3) um Conselho de Ministros extraordinário para tramitar a renúncia do rei ao trono, mediante a aprovação de uma Lei Orgânica como estabelece a Constituição espanhola.

“Quero transmitir que este processo se desenvolverá em um contexto de estabilidade institucional e como prova da maturidade de nossa democracia”, disse Rajoy.

O presidente do governo explicou que espera que em um prazo “muito breve” o parlamento proclame como rei ao príncipe Felipe.

Renúncia histórica
A abdicação é uma medida excepcional na Coroa espanhola e, nos últimos séculos, só foi realizada em seis ocasiões, a última em 1941, quando Alfonso XIII renunciou em favor de seu filho Juan de Bourbon, pai do rei Juan Carlos.

A vitória de partidos republicanos nas eleições municipais em 1931 acabou ocasionando a abdicação de Alfonso XIII e a imediata proclamação da República.

Exilado em Roma, Alfonso XIII abdicou em favor de seu terceiro filho, Juan de Bourbon, pouco antes de morrer, em 1941.

Juan de Bourbon nunca chegou a reinar e em 1977 apresentou oficialmente a renúncia aos seus direitos ao trono perante seu filho, o rei Juan Carlos, que já era chefe do Estado desde 1975, após a morte do ditador Francisco Franco.

Repercussão
O governo da Alemanha destacou o papel desempenhado pelo rei Juan Carlos I na transição da Espanha para a democracia e desejou o melhor para o seu futuro após o monarca abdicar em favor do príncipe Felipe.

“A chanceler teve vários encontros com o rei Juan Carlos e tem por ele um grande apreço pessoal. Além disso, tem uma grande estima pelo papel que desempenhou na transição para a democracia e com certeza deseja o melhor para seu futuro”, disse em entrevista coletiva o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

O presidente francês, François Hollande, também lembrou seu papel como “artífice da transição após a ditadura franquista” e como símbolo da “Espanha democrática”, segundo um comunicado da presidência.

“Dirigiu seu país ao caminho das liberdades civis e políticas, da integração europeia e da modernidade”, afirmou Hollande, depois de conversar na manhã desta segunda-feira com Juan Carlos, que o “informou sobre sua decisão de abdicação”, declarou o Eliseu. (G1)

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